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Movimento diário cai R$ 300 milhões em um ano
da Reportagem Local
As Bolsas de Valores se tornaram terreno fértil para operações
do tipo "window dressing" depois de um ano de muita turbulência. Quando a moeda tailandesa, o
baht, começou a deslizar, em 2 de
julho de 97, o cenário era completamente diferente do atual.
O índice Bovespa estava prestes
a bater em seu ponto máximo de
valorização, 90% desde o início do
ano. Havia um clima de euforia
nas mesas de operações e os fundos de investimentos atraíam milhares de pequenos investidores,
empolgados com os ganhos fáceis.
"As Bolsas já haviam subido
muito, mas havia euforia, com
muitas pessoas começando a investir em ações. Era o combustível
perfeito para o desastre", diz Flávio Menezes, diretor de fundos do
banco Patrimônio, associado ao
banco norte-americano Salomom
Brothers-Smith Barney.
Um ano depois, a situação das
Bolsas é o retrato oposto do entusiasmo de 97. A Bovespa movimentava R$ 1,2 bilhão por dia e
hoje gira R$ 895 milhões, aproximadamente R$ 300 milhões a menos do que há um ano.
Grandes investidores e marinheiros de primeira viagem perderam o ânimo com as Bolsas. Um
estudo do banco Matrix com os 70
maiores fundos que investem em
ações mostra que, em um ano,
houve saída de recursos em nove
meses, contra saldo positivo em
apenas três meses.
"O fluxo foi negativo entre os
investidores comuns e também
entre os institucionais", diz Rodrigo Bresser, do Matrix. Só em
junho, os saques superaram as
aplicações em R$ 140 milhões.
O perfil dos investidores também mudou. "Antes o mercado
era dominado por investidores
institucionais, estrangeiros e administradores de fundos com visão mais técnica, de longo prazo.
A influência deles hoje é igual a
daqueles que buscam ganhar com
a flutuação diária de preços", diz
Walter Mendes, da Schroders.
Em um ano, o índice Bovespa
caiu 30,49%. De acordo com a
Economática, consultoria de dados financeiros, as ações das 200
maiores empresas negociadas na
Bolsa de São Paulo valem R$ 230
bilhões, ou R$ 87 bilhões menos
do que em julho de 97.
"O dinheiro está migrando para
locais que os investidores consideram mais seguros, como a Europa
e os Estados Unidos", diz Paulo
de Sá, do Lloyds. Há seis meses, os
fundos de investimentos em países emergentes registram saques
maiores do que aplicações.
Ao final de um ano de queda, os
preços das ações no Brasil voltaram a ser atraentes porque ficaram muito baixos. "Quando se
analisa a qualidade das empresas
dá para perceber que existem algumas ações que podem dobrar de
preço", diz Flávio Menezes, do
banco Patrimônio.
O que impede um melhor desempenho das Bolsas são as incertezas em relação ao cenário externo e a desconfiança em relação à
economia brasileira. "O mercado
está sem tendência definida. É um
mercado de incertezas", diz Rodrigo Bresser, do Matrix.
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