São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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Nova fórmula é adotada

da Reportagem Local

Cada vez mais empresas brasileiras estão trocando o pagamento de dividendos aos acionistas pelo pagamento de juros sobre o capital próprio.
Para quem possui a ação da empresa, não faz diferença. Mas para a empresa faz.
Os dividendos são pagos sobre o lucro líquido, ou seja, depois que é descontado o Imposto de Renda. "Pela Lei das S/As, os dividendos têm de ser de, no mínimo, 25% do lucro líquido ajustado", diz Rodrigo Moraes, economista do Banco Rendimento.
Algumas empresas conseguem pagar dividendos menores do que 25% fazendo um "ajuste" do lucro líquido de acordo com sua conveniência.
Mas, no caso do pagamento dos juros sobre o capital próprio, as empresas têm vantagem fiscal, diz Ronaldo Agostinho Ferreira, da Economática.
O cálculo é feito da seguinte forma: a empresa apura o patrimônio líquido e, com base nele, são apurados os juros. O valor é, então, deduzido do lucro bruto, antes do cálculo do Imposto de Renda, reduzindo assim o imposto a ser pago.
Foi no ano passado que essa dedução do Imposto de Renda passou a vigorar, estimulando as empresas a dividirem os lucros para pagarem menos Imposto de Renda. Uma das pioneiras a adotar a nova fórmula foi a Souza Cruz.
Hoje, cerca de 20% das empresas de capital aberto no país, segundo cálculos do mercado, já estão adotando a distribuição de juros sobre o capital. Para Carlos Augusto Levorin, da Oryx Asset Management, a tendência é de crescimento ainda maior da utilização dessa "nova forma de dividendo".
Gilberto Faiwichow, sócio-diretor do Rendimento, acredita que a globalização está fazendo com que as empresas percebam cada vez mais a necessidade de buscar capital no mercado acionário. "Quem não estiver capitalizado, vai perder cada vez mais competitividade internacional", diz.
Com isso, segundo Faiwichow, as empresas têm procurado oferecer dividendos maiores aos acionistas e maior transparência em seus balanços. "Os juros altos e o risco Brasil tornam o mercado de ações uma fonte de financiamento especialmente atrativo às companhias."
A Sharp, por exemplo, aprovou recentemente em assembléia a absorção dos prejuízos de R$ 310 milhões obtidos no início da década de 90 por intermédio da redução de seu capital social em 64%. Com isso, poderá voltar a distribuir dividendos e atrair os investidores institucionais.



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