UOL


São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Planalto nega conflito de ministros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DE NOVA YORK

Parlamentares petistas e o próprio Planalto vieram a público durante o dia de ontem para negar divergências entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil) e que o primeiro estivesse demissionário.
Por seu porta-voz, André Singer, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou boatos sobre eventual pedido de demissão de Palocci e afirmou que esses boatos partiram de "especuladores".
"O presidente me pediu que transmitisse que boatos sobre divergências entre os ministros José Dirceu [Casa Civil] e Antonio Palocci só podem ter partido de especuladores e que ambos contam com sua mais irrestrita confiança e que vêm cuidando de suas respectivas áreas com muita competência", disse Singer, que respondeu após receber dos jornalistas perguntas sobre o caso.
Procurado por sua da assessoria de imprensa, Palocci não se manifestou sobre o assunto.
No Congresso, parlamentares do governo e mesmo da oposição tratavam de desmentir o boato.
"É uma clara ação de especuladores, em que os mal-intencionados procuram manipular os mal informados para se locupletarem", disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado.
Para o deputado Professor Luizinho (PT-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, "é inimaginável que o mercado vá entrar no conto-do-vigário de algum espertinho que quer ganhar dinheiro. Não há divisão interna no governo e o ministro Palocci está firme", disse ele.
"Isso é especulação. Palocci assumiu um grau de credibilidade maior do que o governo, então seria um desastre se ele saísse da Fazenda", disse o líder do PFL, deputado José Carlos Aleluia (BA).
As notícias a respeito do destino de Palocci surgiram após o agravamento da tensão social no país, sobretudo por ações de sem-terra e sem-teto, além do alto índice de desemprego. Também teriam contribuído para o desgaste da imagem de Palocci as divergências com o ministro Dirceu a respeito das reformas.

Até lá fora
O boato não se restringiu ao Brasil. Mesmo no mercado norte-americano, operadores disseram que boatos sobre a demissão de Palocci elevaram ontem o nervosismo em relação ao Brasil.
Nenhum soube explicar a origem exata do boato, embora tenham dito que ele veio do Brasil. Segundo os operadores, o boato somou-se a dois fatores que já vinham minando o otimismo para com o país: o aumento de rentabilidade dos títulos americanos e as dificuldades do governo com as reformas. "Corretores estão atribuindo parte da venda de hoje [ontem] pelos fundos de hedge aos boatos em relação à renúncia de Palocci", disse Mohamed El-Erian, da Pimco.


Texto Anterior: Brasil contagia os países vizinhos
Próximo Texto: Banco rebaixa "nota" da dívida brasileira
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.