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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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Meirelles vê "dramatização" excessiva

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao comentar ontem se teria chegado ao fim a lua-de-mel entre mercado e governo, na visão de alguns analistas, tendo em vista as altas do dólar e do risco-país, disse que os "momentos" do mercado não devem ser "dramatizados".
"Acho que os movimentos de mercados são naturais. Nós não precisamos e não devemos dramatizar os momentos do mercado", disse Meirelles, ao assinalar que "existem fatores externos e internos" que influenciam esses momentos, mas que ao país cabe fazer o seu "dever de casa".
Ele citou dois desses momentos: "De um lado, existe a questão da subida das taxas reais dos títulos americanos, que faz com que a liquidez disponível para os países emergentes diminua um pouco."
"Por outro lado, temos fatores no Brasil. Existem expectativas muito grandes em relação à possível aprovação das reformas, e os mercados tendem a ficar mais otimistas e mais pessimistas", disse.
Segundo ele, "não devemos nos preocupar em excesso" com as movimentações do mercado, mas devemos nos preocupar "muito" com o "dever de casa", que listou como sendo "o trabalho da busca cada vez mais forte de uma inflação baixa, da estabilidade econômica e do equilíbrio das finanças públicas", além da aprovação das "reformas fundamentais".
"Isso vai dar condições de o Brasil enfrentar os humores do mercado. Porque o mercado é assim: tem dia que está de mau humor, tem dia que está de bom humor. Os mercados, às vezes, ficam excessivamente preocupados. Ou justificadamente preocupados em algumas circunstâncias."

Reféns do Copom
Meirelles esteve reunido com industriais. E ouviu duras críticas do presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Robson Andrade, que reclamou dos juros altos e do depósito compulsório, que "representa restrições insuportáveis" ao crédito.
"Diante desse cenário de incerteza, o país e o setor produtivo nacional estão hoje reduzidos à inaceitável condição de reféns das reuniões mensais do Copom [Comitê de Política Monetária], na expectativa, até agora quase sempre frustrada, de saber se será possível voltar a produzir e manter os empregos de milhões de brasileiros", discursou Andrade.
Depois, durante entrevista, Meirelles disse que os empresários estão "conscientes e com os pés no chão", embora não exista "consenso" entre eles sobre as medidas adequadas.


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