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Meirelles vê "dramatização" excessiva
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, ao comentar
ontem se teria chegado ao fim a
lua-de-mel entre mercado e governo, na visão de alguns analistas, tendo em vista as altas do dólar e do risco-país, disse que os
"momentos" do mercado não devem ser "dramatizados".
"Acho que os movimentos de
mercados são naturais. Nós não
precisamos e não devemos dramatizar os momentos do mercado", disse Meirelles, ao assinalar
que "existem fatores externos e
internos" que influenciam esses
momentos, mas que ao país cabe
fazer o seu "dever de casa".
Ele citou dois desses momentos:
"De um lado, existe a questão da
subida das taxas reais dos títulos
americanos, que faz com que a liquidez disponível para os países
emergentes diminua um pouco."
"Por outro lado, temos fatores
no Brasil. Existem expectativas
muito grandes em relação à possível aprovação das reformas, e os
mercados tendem a ficar mais otimistas e mais pessimistas", disse.
Segundo ele, "não devemos nos
preocupar em excesso" com as
movimentações do mercado, mas
devemos nos preocupar "muito"
com o "dever de casa", que listou
como sendo "o trabalho da busca
cada vez mais forte de uma inflação baixa, da estabilidade econômica e do equilíbrio das finanças
públicas", além da aprovação das
"reformas fundamentais".
"Isso vai dar condições de o
Brasil enfrentar os humores do
mercado. Porque o mercado é assim: tem dia que está de mau humor, tem dia que está de bom humor. Os mercados, às vezes, ficam
excessivamente preocupados. Ou
justificadamente preocupados
em algumas circunstâncias."
Reféns do Copom
Meirelles esteve reunido com
industriais. E ouviu duras críticas
do presidente da Federação das
Indústrias de Minas Gerais, Robson Andrade, que reclamou dos
juros altos e do depósito compulsório, que "representa restrições
insuportáveis" ao crédito.
"Diante desse cenário de incerteza, o país e o setor produtivo nacional estão hoje reduzidos à inaceitável condição de reféns das
reuniões mensais do Copom [Comitê de Política Monetária], na
expectativa, até agora quase sempre frustrada, de saber se será
possível voltar a produzir e manter os empregos de milhões de
brasileiros", discursou Andrade.
Depois, durante entrevista,
Meirelles disse que os empresários estão "conscientes e com os
pés no chão", embora não exista
"consenso" entre eles sobre as
medidas adequadas.
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