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MERCADO TENSO
Dow Jones caiu 3,41% por conjunção de fatores, como incerteza sobre a Ásia e sobrevalorização de ações
Bolsa de NY tem pior queda desde outubro
ALESSANDRA BLANCO
de Nova York
A Bolsa de Nova York teve ontem sua pior queda desde outubro
do ano passado, quando estourou
a crise asiática. O índice Dow Jones, que reúne as 30 ações mais
negociadas, caiu 3,41%, ou 299,43
pontos, fechando a 8.487,31 pontos. Isso representa também sua
terceira maior queda em pontos
desde que foi criado, há 102 anos.
Em 27 de outubro de 1997, a
queda foi de 554,26 pontos, ou
7,18%. O índice eletrônico Nasdaq
também caiu ontem 3,5%, fechando a 1.785,68 pontos.
Os motivos são variados, mas
sem nenhuma novidade: a incerteza quanto à economia do Japão; os
impactos da crise asiática na performance das empresas norte-americanas, que vêm divulgando
nas últimas semanas lucros abaixo
do esperado para o segundo trimestre; as novidades no escândalo
sexual envolvendo o presidente
Bill Clinton; e mesmo uma supervalorização das ações, provocadas
por uma euforia no mercado que
levou o Dow Jones a bater o recorde de 9.337,97 em 17 de julho.
Com os números de ontem, o
Dow Jones caiu 9% em relação a
julho e, segundo um dos maiores
otimistas no mercado financeiro,
o diretor de pesquisas tecnológicas da Prudential Securities, Ralph
Acampora, pode chegar a um descenso de 15% ou 20% no período.
As declarações de Acampora foram um dos motivos que aprofundaram a queda no final da tarde.
A empresas financeiras tiveram
as maiores quedas. As ações do Citicorp caíram 9-5/8, para 154, as
do Chase Manhattan Corp.,
5-3/16, para 69-5/8, e as do J.P.
Morgan, 5-5/8 para 116-7/8.
"A crise asiática, que ainda produz efeitos nos EUA; muitas ações
supervalorizadas, um excesso de
consumo dos norte-americanos
que não permite baixar as taxas de
juros como os investidores esperavam, sob risco de inflação; dólar
muito forte; e queda nas exportações. Tudo afeta a lucratividade
das empresas e causa essa fraqueza no mercado", disse John
Lonsky, economista-chefe da
Moody's.
Para Peter Coolidge, investidor-sênior da Brean, Murray &
Co., o mercado "simplesmente
não pode aguentar hoje". "Há
uma semana o mercado vem muito fraco e hoje (ontem) foi demais.
Nenhum comprador veio. Os motivos são os mesmos de uma semana atrás, só que simplesmente, ele
não pode aguentar", disse.
Coolidge prevê mais quedas, tão
profundas quanto a de ontem, para hoje. "Eu diria que, nestas condições, o mercado só reage quando chega ao pior, e ainda não chegou. Acho que chegará amanhã no
meio do dia. Nossa queda provocará queda na Ásia e na Europa,
que provocará novamente nossa
queda. Depois, o mercado deverá
se recuperar um pouco até o final
do dia, mas é difícil prever", disse.
Lonsky também acredita que o
mercado deverá tomar um fôlego
nos próximos dias, mas não o suficiente para compensar as perdas
dos últimos três dias. Para ele, os
efeitos da crise asiática devem afetar a bolsa de Nova York e também os mercados da América Latina até o final deste ano.
"O último trimestre deve trazer
uma melhora nas exportações,
mas uma estabilidade só deverá
ocorrer a partir de então. Um dos
problemas é que os investidores
esperavam um corte da taxa de juros pelo Fed (Federal Reserve,
banco central), só que o Fed não
acredita que o mercado está sofrendo o suficiente para isso e não
há qualquer previsão."
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