São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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MERCADO FINANCEIRO
Bovespa tem sexta maior queda do ano

da Reportagem Local

A queda de 3,41% na Bolsa de Valores de Nova York, a maior desde a crise asiática, trouxe nova realização de lucros à Bolsa paulista, que fechou em baixa de 5,31%, a sexta maior do ano.
O debate entre os investidores é se a Bolsa dos EUA está no início de um grande e duradouro ciclo de baixa ou se as quedas consecutivas são uma correção passageira após uma "bolha especulativa".
A polêmica ganha importância para os brasileiros, pois, após o leilão da Telebrás, o mercado paulista passou a se referenciar mais ainda na Bolsa norte-americana.
Para o analista Barton M. Biggs, do Morgan Stanley Dean Witter, o movimento para baixo em Nova York não é apenas "mais uma tempestade de verão". Para ele, a crise asiática emperra o crescimento econômico do mundo todo, inclusive da Europa e dos EUA. O resultado das empresas negociadas em Bolsa deve piorar.
O preço das commodities internacionais cai, trazendo prejuízos a países e companhias que dependem delas. Biggs recomenda que os investidores deixem a Bolsa e direcionem suas aplicações ao mercado de renda fixa.
Os mais otimistas acham que a Bolsa de Nova York subiu muito e sua queda é uma correção técnica. Dizem que isso pode ser percebido justamente quando se observa os juros nos EUA. Se os investidores tivessem trocando a Bolsa pela renda fixa, os títulos do Tesouro dos EUA teriam seus juros reduzidos fortemente, o que não aconteceu ontem. As taxas dos títulos de 30 anos passaram de 5,658% ao ano anteontem para 5,63% ontem, queda considerada pequena.
No Brasil, o Banco Central interveio e conseguiu cortar os juros em mais de um ponto percentual ao ano. Tomou dinheiro a 19,55% ao ano por um dia ontem, contra 19,60% anteontem. Reduziu as taxas nos negócios com Certificados de Depósitos Interbancários de 19,42% anteontem para 18,40%.
Nos futuros brasileiros, os negócios de troca de taxas de juros fechados após às 17h refletiram o pessimismo em Nova York. As taxas dos negócios com vencimento em um ano passaram de 22,75% ao ano para 23,30% ontem.
O Banco Central vendeu R$ 2 bilhões em títulos do Tesouro pós-fixados de vencimento em 28 de abril de 99 com ágio mínimo de R$ 0,0025 por título de R$ 100.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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