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PETRÓLEO
Empresa alemã faz hoje o anúncio oficial do primeiro projeto no país após a quebra do monopólio estatal
Thyssen investe US$ 1 bi em refinaria no CE
ELIANE CANTANHÊDE
Enviada especial a Fortaleza
A empresa alemã Thyssen anuncia hoje investimentos de cerca de
US$ 1 bilhão para a instalação de
uma nova refinaria no Brasil, a
primeira depois da quebra do monopólio estatal do petróleo e do
início do novo modelo definido
para o setor no país.
O local escolhido para a refinaria
é o Porto de Pecém, no Ceará. O
pedido foi protocolado ontem
junto à ANP (Agência Nacional de
Petróleo), e o anúncio oficial será
feito pelos diretores da empresa
hoje, às 11h, em Fortaleza.
A capacidade estimada da refinaria na primeira etapa é de cem
mil barris/dia. A capacidade final
prevista é de 200 mil.
A nova refinaria vem sendo disputada desde o início do governo,
em janeiro de 1995, pelos governadores de Ceará, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte e
Sergipe. Todos são candidatos à
reeleição e a refinaria é tida como
um enorme trunfo de campanha.
À exceção do pernambucano
Miguel Arraes, do PSB, os demais
governadores são aliados políticos
do presidente Fernando Henrique
Cardoso. Ele alegou a quebra do
monopólio estatal do petróleo para não optar por nenhum Estado
diretamente.
A refinaria, que no início deveria
ser da Petrobrás, vai ser agora integralmente financiada pelo capital internacional, com garantia de
fornecedores de equipamentos e
de petróleo também externos.
Conforme a Folha apurou, a escolha do Ceará teve o estímulo e o
aval extra-oficial do Palácio do
Planalto, mas o governador Tasso
Jereissati, do PSDB, não confirma.
"O presidente não tem nada a
ver com isso. Foi uma negociação
direta entre o governo do Estado e
a empresa alemã", disse ele ontem, antes de jantar com seis representantes da Thyssen que estão
em Fortaleza para o anúncio do
investimento.
O Porto de Pecém fica a cerca de
60 km ao norte de Fortaleza. O governo do Ceará garantiu o terreno
de 300 hectares e toda a infra-estrutura necessária às obras (água,
luz, esgoto e telefone).
Para atrair o investimento de
US$ 1 bilhão, equivalente à fábrica
da Renault no Paraná, o governo
também se comprometeu com
fortes incentivos fiscais, como o financiamento do ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) por 20 anos.
Isso significa que o valor a ser
cobrado de ICMS retornará à própria empresa, a título de financiamento, e será cobrado posteriormente em condições especiais.
A autorização da ANP é razoavelmente simples. Como não é
concessão, não exige licitação.
Também não envolve interesses
públicos nem recursos minerais. A
expectativa é de que as obras comecem ainda este ano e a refinaria
comece a funcionar no ano 2000.
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