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AUTOMÓVEIS
"Populares' e grandes veículos terão alíquotas maiores que as aplicadas até o ajuste fiscal de novembro de 97
IPI cai agora, mas vai subir após eleição
da Sucursal de Brasília
O Ministério da Fazenda vai elevar as alíquotas do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados)
de carros populares, motocicletas
de até 125 cilindradas e veículos de
grande porte a partir de 1º de janeiro de 99. Com isso, as alíquotas
desses produtos ficarão mais altas
que as aplicadas antes do pacote
de ajuste fiscal de novembro de 97.
A decisão foi incluída -sem negociação com as montadoras-
no decreto presidencial 2.706, que
atende a reivindicação da Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)
de redução do IPI até o próximo 31
de dezembro. Ou seja, o imposto
menor só vai vigorar até o final de
98, ano eleitoral.
As alíquotas haviam sido elevadas em cinco pontos percentuais
pelo pacote fiscal de 97. A partir de
1º de janeiro de 1999, a alíquota do
IPI para os veículos de médio porte será a mesma aplicada até novembro, de 25%. Para os carros
populares, será de 10%, contra 8%
em 97. Até anteontem, era de 13%.
Os veículos de grande porte serão taxados em 35% -mesma alíquota aplicada a partir de novembro, porém cinco pontos acima da
que vigorava antes do pacote. As
motocicletas de até 125 cilindradas, por sua vez, terão IPI de 25%,
três pontos percentuais acima do
que era cobrado até anteontem.
Segundo o secretário da Receita
Federal, Everardo Maciel, sua
equipe aproveitou a readequação
da tabela do IPI para "harmonizar
as alíquotas" do imposto sobre
automóveis a partir de janeiro.
De acordo com a atual tabela de
IPI, há 13 diferentes alíquotas para
distintos tipos de veículos. O que a
Receita vai fazer é reduzir para
apenas quatro taxas: 10%, 25%,
35% e 50% (este, para veículos de
passeio a diesel, que não são fabricados atualmente no país).
"A alteração diminui a dificuldade na apuração de crédito de IPI
e facilita a fiscalização, além de
tornar a tabela mais coerente",
afirmou Maciel. "Doutrinariamente, sou a favor de uma alíquota única."
Divergências
O Ministério da Fazenda afirmou ontem que o repasse da redução do IPI para automóveis deve
ser aplicado mesmo pelas revendas que tenham antecipado a medida e concedido descontos.
Embora a questão esteja ligada à
política de preços das revendas, o
secretário-executivo do ministério, Pedro Parente, disse que o governo vai suspender a decisão se as
condições do acordo assinado anteontem não forem cumpridas.
"O nosso entendimento é que
terá de haver repasse integral da
redução do IPI aos preços praticados, até anteontem, nos modelos
existentes no mercado", afirmou.
"O objetivo do acordo foi a redução no preço ao consumidor. Se
houver evidência inequívoca de
que o acordo não está sendo cumprido, voltamos atrás."
Parente acrescentou que não deverá haver fiscalização especial,
uma vez que a premissa do ministério foi manter a "boa fé" nas
montadoras.
Recomendou, porém, que os
consumidores que se sintam lesados pelos preços reclamem aos
Procons (Coordenadorias de Proteção e Defesa do Consumidor).
A versão dada ontem por Parente sobre o protocolo difere daquela apresentada anteontem pelas
montadoras -a única disponível
até as 12h de ontem. Nenhuma das
autoridades do ministério havia
explicado o teor do protocolo de
intenções no dia anterior.
Além do repasse da redução do
IPI, segundo Parente, o protocolo
prevê que as montadoras não poderão tomar a decisão unilateral
de reajustar os preços dos atuais
modelos (as versões 98).
Da mesma forma, afirmou que o
compromisso de manutenção do
emprego impede que as empresas
adotem programas de demissão
voluntária até 31 de dezembro.
Anteontem, o ponto de vista do
presidente da Anfavea, José Carlos
Pinheiro Neto, era diferente. Ele
afirmou que a decisão de aumentar o preço dos veículos caberia às
próprias montadoras. "De qualquer forma, o protocolo não traz
tabelamento de preços", disse.
Pinheiro Neto também havia
afirmado que o compromisso de
manutenção de empregos excluía
as demissões voluntárias, entre as
quais os programas estimulados
pelas empresas.
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