São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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DECORAÇÃO

Tok&Stok reclama de recém-inaugurada Etna assediar funcionários com proposta de emprego e contatar fornecedores

Lojas de design travam guerra em São Paulo

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Por trás do êxito inicial da Etna -maior loja de decoração do país, inaugurada em São Paulo no mês passado-, há uma rede de intrigas que envolve sua maior concorrente, a Tok&Stok, com a qual disputa funcionários e fornecedores.
As duas lojas oferecem produtos semelhantes -móveis e objetos de decoração de design- e buscam o mesmo público.
De um lado está Nelson Kaufman, 52, dono da recém-inaugurada loja e proprietário da joalheria Vivara. Do outro, o francês Régis Dubrule, 55, fundador da Tok&Stok, com 25 lojas no país.
A Etna diz ter investido R$ 30 milhões num ponto-de-venda de 12.000 m2 (quase dois campos de futebol), na zona sul de São Paulo. A Folha apurou que a rede se prepara para abrir outra loja na capital, em janeiro.
A "saia justa" começou há meses e vem se agravando com o sucesso inicial da Etna. A direção da Tok&Stok se irritou com o assédio da nova loja a seus funcionários e fornecedores meses antes da inauguração. Cerca de 50 empregados da rede de Dubrule -são 1.500, no total- foram sondados pelos "headhunters" contratados pela Etna -hoje com 200 funcionários.
O responsável pela área de design e tendências da Tok&Stok recebeu convite, assim como o gerente da área de compras da rede, que foi parar na concorrente. O comando da Etna chegou a negociar parcerias até com os fabricantes que atendem a Tok&Stok.
A direção da Tok&Stok pediu aos fabricantes que evitassem acordos de fornecimento com a Etna. Irritado, Kaufman enviou carta a Dubrule. Escreveu que não era ético impedir que os fabricantes produzissem mercadorias para a sua nova loja.
Dubrule respondeu que era moralmente condenável o comportamento da Etna, que manteve todo o projeto de construção da loja em segredo enquanto contatava os empregados da Tok&Stok com convites de emprego.

Encontro
Os dois marcaram um encontro para colocar a situação "em pratos limpos". Em uma hora e meia de conversa, cara a cara, ficou acertado que não haveria mais rusgas. Kaufman disse, por exemplo, que a intenção não era "copiar" os produtos à venda na Tok&Stok. Disse que não sabia das sondagens dos "headhunters" aos empregados da concorrente.
A última conversa entre os dois aconteceu numa visita de Dubrule à Etna, em agosto, após a inauguração.
Dubrule acredita que irá manter a dianteira no setor. "Temos experiência num mercado em que fomos, aos poucos, construindo uma marca com 26 anos de vida. Ninguém aprende nosso "métier" do dia para a noite. Quem vier depois de nós virá atrás porque nós vamos correr mais rápido."
"Somos coerentes com o nosso estilo, que vem sendo trabalhado há décadas", afirmou. "O que espero é que essa [concorrência com a Etna] seja uma disputa de nível e acredito que isso até será bom para nós, porque estamos mais motivados."
Ele não confirma os desentendimentos com o concorrente. Procurado, Kaufman não se manifestou sobre o assunto.
Segundo Mauro Chenker, diretor de novos negócios do grupo Vivara, a empresa tem sido alvo de "fofocas". "Só queremos ter a melhor loja do ramo. Por isso, sempre procuramos pelos fabricantes de primeira linha, e o que acontece é que eles atendem à concorrência também", afirma.


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