São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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CRISE NO AR

Empresa aérea diz que acredita em prorrogação

Licença para Vasp voar segue sem renovação a seis dias de vencer

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A seis dias da data de vencimento para a assinatura do contrato de concessão que permite à Vasp continuar voando, o governo ainda não prorrogou o prazo para a companhia aérea, o que havia sido prometido no mês passado.
Um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro José Viegas (Defesa) foi publicado na quinta-feira da semana passada no "Diário Oficial" da União prorrogando o prazo da assinatura do contrato apenas para a companhia Varig -para 10 de abril de 2005.
A ampliação do prazo é necessária às duas empresas aéreas porque, para assinar esse contrato, ambas têm que comprovar ao Ministério da Defesa que estão em dia com suas obrigações fiscais, tributárias e previdenciárias - nem Varig nem Vasp cumprem atualmente esses pré-requisitos. Como a prorrogação não foi feita no caso da companhia Vasp, a data-limite para a empresa assinar o contrato é no próximo dia 10 deste mês.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa, a ampliação ou não do prazo para a Vasp é uma questão que não foi decidida ainda. O temor entre alguns funcionários da empresa é que o governo decida deixar a Vasp à sua própria sorte, já que até agora a prorrogação foi aprovada apenas para a Varig.
A data-limite para a assinatura do contrato era a mesma para ambas. O governo federal já anunciou sua intenção de ajudar a Varig, que tem uma dívida de R$ 6 bilhões e a segunda maior participação de mercado.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da Vasp afirmou que a concessão será renovada "da mesma maneira como foi renovada a concessão da Varig".

Demissões
Ontem, uma lista com os nomes de 100 comissários e de 120 pilotos a serem demitidos, que teria sido assinada pela diretoria da empresa, tumultuou a Vasp. Os rumores de demissão fizeram com que, na tarde de ontem, representantes do Sindicato Nacional dos Aeronautas tivessem reunião com dirigentes da companhia.
Segundo Marlene Ruza, diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas, na semana passada pilotos e comissários acertaram com a empresa que não haveria demissões por 90 dias após a paralisação dos funcionários.
"Isso [a lista] caiu em domínio público e criou um clima de insegurança. Queremos saber se haverá ou não cumprimento de acordo", diz Ruza. Segundo ela, o sindicato tem uma reunião marcada para a tarde de hoje na DRT (Delegacia Regional do Trabalho). Uma assembléia que havia sido marcada para o dia 7 de outubro, afirma a sindicalista, pode ser antecipada para amanhã.
Segundo o presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Uébio José da Silva, pelo menos 15 funcionários que trabalham em terra foram demitidos ontem. "Amanhã [hoje] temos reunião marcada com a direção da empresa para debater as demissões e saber se vão respeitar as convenções trabalhistas."
Na avaliação de Silva, a greve organizada pelos aeronautas na semana passada prejudicou os próprios funcionários. A Vasp nega que haverá demissões em massa.

Frota reduzida
A Vasp, que opera hoje com 15 das 26 aeronaves que usa para transportar passageiros, afirma que está reestruturando sua malha para adequá-la à sua frota.
Dos 19 Boeing-737/200, um modelo que começou a ser fabricado em 1961, apenas 11 estão voando -seis deles foram suspensos pelo DAC (Departamento de Aviação Civil) na semana retrasada porque a companhia aérea não realizou a manutenção determinada pela fabricante.
Em dezembro do ano passado, a Vasp tinha uma dívida que somava R$ 2,678 bilhões: R$ 550 milhões de curto prazo e R$ 2,128 bilhões de longo prazo.


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