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Folhainvest
Cresce procura por título de longo prazo
Papéis do Tesouro Direto com prazo acima de 5 anos já respondem por 35,1% do total negociado, ante 18% em 2005
Mercado projeta juro acima
de 10% no começo de 2011;
retomada do aquecimento
e risco de inflação elevam
chances de aumento da taxa
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste semestre tem se intensificado o aumento da participação dos títulos públicos com
prazos de negociação mais longos nas operação feitas no Tesouro Direto. Em um momento
em que os juros básicos estão
em seu piso histórico e a expectativa é a de aumento das taxas
em um futuro não muito distante, muitos investidores têm
aceitado comprar títulos que
demorem mais para vencer,
mas que ofereçam retornos
mais substanciais.
A participação dos papéis do
governo com prazo de resgate
acima de cinco anos subiu de
18% do total em 2005 para
35,1% neste ano. Em 2008, representavam 30,6%. No mês de
agosto, os títulos com vencimento acima de cinco anos foram responsáveis por 46,8%
das vendas do Tesouro Direto.
A taxa básica Selic está em
8,75% anuais, o menor nível
desde a criação do Copom (Comitê de Política Monetária) em
1996. Até há analistas que contam com mais uma redução, de
0,25 ponto, na taxa até o fim
deste ano. Mas, com os sinais
crescentes de recuperação da
economia e o consequente risco de pressão inflacionária, o
mercado projeta juros maiores
a partir de 2010.
Em tese, se alguém comprasse um título prefixado do governo agora, com vencimento
em 12 meses, receberia a atual
Selic, ou seja, uma taxa de
8,75% ao ano. Se uma pessoa se
dispusesse a comprar um título
com prazos de vencimento
maiores, teria a chance de conseguir juros mais interessantes.
O contratempo é que, para a
pessoa obter a taxa oferecida
pelo título, terá de ficar com ele
até o seu vencimento. Se vender antes, acabará por perder
parte da rentabilidade.
Quem comprasse na semana
passada uma LTN (Letra do Tesouro Nacional, titulo prefixado) com vencimento em julho
de 2010 receberia taxa de
9,22% ao ano. Já quem se dispusesse a adquirir uma LTN
com prazo de vencimento em
janeiro de 2012 conseguiria taxa de 11,46% ao ano.
Ressalva
Mas o investidor que aceita
comprar um título com prazos
de resgates mais longos deve
saber que mudanças bruscas no
cenário econômico, que tragam
surpresas nas decisões do Copom sobre os juros e alterem as
projeções para as taxas no mercado futuro, podem trazer ajustes aos retornos oferecidos pelos títulos públicos.
No pregão da BM&F (Bolsa
de Mercadorias & Futuros), os
contratos que mostram as projeções para as taxas apontam
elevação dos juros nos próximos semestres, além de pouca
chance de a Selic baixar mais.
No contrato futuro que vence
na virada do ano, a taxa projetada está em 8,68%, muito próxima da Selic vigente. O contrato
com resgate em julho de 2010
aponta taxa de 9,25%. E, para
julho de 2011, os juros projetados estão em 11,13%.
"As taxas estão dadas. O mercado já opera com um nível
mais elevado da Selic no ano
que vem. Há a expectativa em
relação ao aquecimento econômico e os riscos de alta da inflação, que devem levar a Selic a
aumentar no futuro", afirma
Alexandre Chaia, professor de
finanças do Insper.
O Copom elevou a taxa básica
pela última vez em setembro de
2008. Neste ano, a taxa saiu de
13,75% em janeiro para os
atuais 8,75% ao ano.
A última pesquisa Focus, realizada pelo BC com cem instituições financeiras, mostrou
que a previsão dos analistas é
que a Selic esteja em 9,50% no
fim de 2010.
Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, com a economia
voltando a crescer, "é natural
um aumento dos juros". "Vamos ter necessidade de juros
maiores que os praticados hoje,
mas não acredito que vejamos
uma elevação considerável da
taxa. Não penso que elas voltem aos níveis praticados um
ano atrás."
Com a esperada alta dos juros, os fundos de renda fixa devem aos poucos recuperar atratividade em relação à poupança. A queda da Selic fez a poupança passar a ter retorno
maior que o de muitos fundos.
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