São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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TRANSE

Em analogia com o futebol, Armínio Fraga diz que Brasil precisa "pular o muro" e ser promovido de divisão na economia

Dá para o país deixar a "segundona", diz BC

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BC (Banco Central), Armínio Fraga, disse ontem que o Brasil precisa "pular o muro" que o separa da primeira divisão da economia mundial. Em analogia com o futebol, Fraga disse que há uma tendência dos times [países] que são da primeira divisão a permanecer nela e dos que são de segunda divisão a não conseguir ser promovidos.
É essa tendência que, para ele, o Brasil precisa superar. "É possível sair da segunda divisão, como o Fluminense já demonstrou", disse. Fraga só não esclareceu que o Fluminense, seu clube de coração, foi promovido da segunda para a primeira divisão em 2000 sem ter vencido seus adversários, graças a uma "virada de mesa".
"O Brasil precisa superar essa barreira, isso é uma espécie de muro que a gente precisa pular e ficar do lado de lá. No momento estamos do lado de cá, olhando para o lado de lá com esperança", afirmou. Ele disse que é otimista quanto ao futuro e que a mudança de status só depende do Brasil.
Durante palestra no seminário "Reavaliação do Risco Brasil", Fraga disse que "o Brasil tem empresas fantásticas" e que o problema que origina as incertezas atuais "está no governo". Ele disse também discordar das avaliações segundo as quais o país corre risco elevado de quebrar.
"Quero crer que não é exatamente assim", afirmou. Para o presidente do BC, países que quebraram conviviam com o que ele chamou de "quatro pecados capitais": desajuste das contas públicas; balanço de pagamentos insustentável, geralmente associado a política de câmbio fixo; crise bancária; e excesso de endividamento de curto prazo.
Fraga disse que o Brasil não está nessa situação e apresenta "mudanças visíveis a olho nu" sobre dez anos atrás. Segundo ele, as reformas e ajustes necessários ao salto para a primeira divisão foram iniciados e precisam de continuidade. "O próximo governo já sinalizou que pretende seguir o caminho da responsabilidade."


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