UOL


São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC diz que esperará queda maior do risco-país para emitir títulos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo espera condições de mercado mais favoráveis para captar dinheiro no exterior por meio de emissão de títulos da dívida, afirmou ontem o diretor da área internacional do Banco Central, Alexandre Schwartsman.
Segundo ele, o fator determinante é a expectativa em relação à evolução do risco-país no futuro. O índice está hoje próximo de 500 pontos, depois de ter atingido o recorde de 2.443 no período eleitoral de 2002. "Se captarmos US$ 4 bilhões a 500 pontos, estaremos abrindo mão de captar uma parcela a custo mais baixo", disse Schwartsman em São Paulo, em entrevista durante seminário promovido pela BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
O programa do BC prevê a emissão de US$ 5,5 bilhões para suprir as necessidades de financiamento em 2004. Do total, o BC já captou US$ 1,5 bilhão. Sobram os US$ 4 bilhões citados pelo diretor do BC.
José Augusto Gragnani, número dois da Secretaria do Tesouro, também deu indicações de que o governo espera redução mais acentuada do risco-país para buscar financiamentos no mercado. "Quanto mais o risco cair, melhor, e a tendência é de queda." Na opinião de Gragnani, o risco Brasil deverá convergir para a média do risco dos países emergentes no próximo ano.
Hoje, o risco brasileiro está próximo de 500 pontos, enquanto a média dos demais emergentes é de cerca de 440 pontos.
Apesar de coincidirem no otimismo, os dois funcionários deram informações divergentes sobre o responsável pela emissão dos títulos. Schwartsman afirmou que a operação será feita pelo BC, enquanto Gragnani disse, em outra entrevista, que o assunto ainda está sendo discutido entre seu chefe, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, e o presidente do BC, Henrique Meirelles.
Gragnani sustentou que não há "disputa" entre os dois órgãos pela emissão e acrescentou que qualquer decisão pode ser implementada em questão de horas.
Schwartsman descartou uma eventual operação de troca, por outros papéis, dos C-Bonds, os títulos da dívida brasileira mais negociados. Esses papéis têm batido cotação recordes e ontem eram negociados a cerca de 97% de seu valor de face (o mercado pagava US$ 97 por um título de US$ 100).
Apesar de considerá-la pouco provável, o diretor do BC não descartou a possibilidade de o governo recomprar os C-Bonds, desde que consiga emitir papéis que paguem juros inferiores aos que estão no mercado.
Os contratos de emissão dos C-Bonds prevêem que o governo poderá recomprar esses papéis sempre que sua cotação atingir 100% do valor de face -cenário cada vez mais próximo.
O problema é que essa garantia acaba funcionando como um limitador de um aumento ainda maior da cotação dos títulos e, em consequência, de uma redução mais substancial do risco Brasil.
Isso porque o governo tem o direito de recomprar o título por 100% do valor de face. Assim, nenhum investidor vai pagar 105% e correr o risco de perder a diferença. Hoje, há cerca de US$ 5,3 bilhões em C-Bonds no mercado.


Texto Anterior: Saiba mais: Índice Embi+ foi utilizado como base para estudo
Próximo Texto: Operação com moeda externa pode ser facilitada
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.