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BC diz que esperará queda maior
do risco-país para emitir títulos
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo espera condições de
mercado mais favoráveis para
captar dinheiro no exterior por
meio de emissão de títulos da dívida, afirmou ontem o diretor da
área internacional do Banco Central, Alexandre Schwartsman.
Segundo ele, o fator determinante é a expectativa em relação à
evolução do risco-país no futuro.
O índice está hoje próximo de 500
pontos, depois de ter atingido o
recorde de 2.443 no período eleitoral de 2002. "Se captarmos US$
4 bilhões a 500 pontos, estaremos
abrindo mão de captar uma parcela a custo mais baixo", disse
Schwartsman em São Paulo, em
entrevista durante seminário promovido pela BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros).
O programa do BC prevê a
emissão de US$ 5,5 bilhões para
suprir as necessidades de financiamento em 2004. Do total, o BC
já captou US$ 1,5 bilhão. Sobram
os US$ 4 bilhões citados pelo diretor do BC.
José Augusto Gragnani, número dois da Secretaria do Tesouro,
também deu indicações de que o
governo espera redução mais
acentuada do risco-país para buscar financiamentos no mercado.
"Quanto mais o risco cair, melhor, e a tendência é de queda." Na
opinião de Gragnani, o risco Brasil deverá convergir para a média
do risco dos países emergentes no
próximo ano.
Hoje, o risco brasileiro está próximo de 500 pontos, enquanto a
média dos demais emergentes é
de cerca de 440 pontos.
Apesar de coincidirem no otimismo, os dois funcionários deram informações divergentes sobre o responsável pela emissão
dos títulos. Schwartsman afirmou
que a operação será feita pelo BC,
enquanto Gragnani disse, em outra entrevista, que o assunto ainda
está sendo discutido entre seu
chefe, o secretário do Tesouro,
Joaquim Levy, e o presidente do
BC, Henrique Meirelles.
Gragnani sustentou que não há
"disputa" entre os dois órgãos pela emissão e acrescentou que
qualquer decisão pode ser implementada em questão de horas.
Schwartsman descartou uma
eventual operação de troca, por
outros papéis, dos C-Bonds, os títulos da dívida brasileira mais negociados. Esses papéis têm batido
cotação recordes e ontem eram
negociados a cerca de 97% de seu
valor de face (o mercado pagava
US$ 97 por um título de US$ 100).
Apesar de considerá-la pouco
provável, o diretor do BC não descartou a possibilidade de o governo recomprar os C-Bonds, desde
que consiga emitir papéis que paguem juros inferiores aos que estão no mercado.
Os contratos de emissão dos C-Bonds prevêem que o governo
poderá recomprar esses papéis
sempre que sua cotação atingir
100% do valor de face -cenário
cada vez mais próximo.
O problema é que essa garantia
acaba funcionando como um limitador de um aumento ainda
maior da cotação dos títulos e, em
consequência, de uma redução
mais substancial do risco Brasil.
Isso porque o governo tem o direito de recomprar o título por
100% do valor de face. Assim, nenhum investidor vai pagar 105% e
correr o risco de perder a diferença. Hoje, há cerca de US$ 5,3 bilhões em C-Bonds no mercado.
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