São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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TRABALHO

Governo refaz cálculos usando dados da Pnad e eleva cifra de geração de emprego formal no ano passado a 1,8 milhão

País criou mais 300 mil vagas em 2004

Almeida Rocha - 29.nov.05/Folha Imagem
Funcionários da Volkswagen durante passeata em São Bernardo pelo pagamento de PLR


JULIANNA SOFIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os novos dados sobre o desempenho do mercado de trabalho formal no ano passado mostrarão que chegou a 1,8 milhão o número de vagas criadas com carteira assinada, segundo informações obtidas pela Folha. O resultado será divulgado nos próximos dias, quando o Ministério do Trabalho apresentará a Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2004.
O cenário apresentado pela Rais, associado à recente divulgação dos números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), empolgou o ministro Luiz Marinho (Trabalho), que afirma ser possível cumprir a promessa de campanha do presidente Lula: gerar 10 milhões em quatro anos.
"Não foi uma promessa. Mas nós vamos chegar lá. Eu evito falar dos 10 milhões porque, de fato, o presidente Lula nunca colocou ou escreveu isso no programa: Vou gerar 10 milhões de emprego. Mas nós estamos acompanhando o mercado de trabalho", disse Marinho. Segundo ele, as acusações que a oposição vem fazendo de que o Trabalho estaria manipulando os dados do Caged caem por terra com a divulgação dos novos números.
Até agora, o governo vinha trabalhando com as informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que apontava a criação de 1,523 milhão de vagas formais em 2004.
A Rais é considerada um mapa mais completo do emprego formal porque abrange todos os empregados contratados pela CLT e inclui trabalhadores temporários, avulsos e funcionários públicos.
"A única estatística que tínhamos à disposição, que não é nem uma estatística é um cadastro, era o Caged mensal. A Rais e o balanço da Pnad saem anualmente. Estão questionando muito o Caged. Mas felizmente, enquanto o Caged trouxe 1,523 milhão de empregos pela CLT, a Rais de 2004 traz 1,8 milhão", diz o ministro.
Na semana passada, Marinho esteve reunido com as centrais sindicais e mais dois ministros -Paulo Bernardo (Planejamento) e Dilma Rousseff (Casa Civil)- para discutir o aumento do salário mínimo em 2006 e a correção da tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas. Mas o governo não apresentou propostas, o que frustrou os sindicalistas.
As negociações em torno dos dois temas continuarão pelos próximos dias. Até o dia 20, será realizada uma audiência com o presidente Lula para decidir o índice de aumento e uma eventual correção da tabela. As centrais querem um aumento do mínimo de R$ 300 para R$ 400 e um reajuste de 13% para a tabela.
O governo já avisou que um aumento para R$ 400 não será possível. "O relator do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SC), já apontou um cenário. Um valor de R$ 340 é uma possibilidade. É um número bastante razoável. Entre aumentar o salário mínimo e repassar para a Lei Kandir, no que depender de mim, vai para salário mínimo", afirmou o ministro.

Longo prazo
Ele acrescenta que até abril o governo deverá enviar um projeto de lei com uma política de longo prazo para valorizar o salário mínimo. Uma comissão quadripartite (trabalhadores, patrões, aposentados e governo) discute o assunto. A proposta, revela, é tornar permanente a atual vinculação entre o crescimento da economia e o reajuste do piso salarial.
Atualmente, o governo vem adotando a variação do PIB (Produto Interno Bruto) per capita para conceder aumentos reais ao mínimo. "O que já existe hoje é a incorporação do PIB per capita, que vai ajudando. Mas pode demorar muito. Na minha opinião, é necessário ter uma aceleração maior por um período. Pode ser o equivalente a 1,5% do PIB. Por cinco anos, será X do PIB e a partir daí até o décimo quinto ano ou o vigésimo será Y."
Marinho acrescenta que, se o governo elevar o poder aquisitivo do mínimo acima do que foi feito no governo anterior e ainda criar uma política de valorização de longo prazo, poderá considerar cumprida uma outra promessa de campanha. "Que era acima de tudo de valorizar o salário mínimo."

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