São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Reduzir mínimo será difícil, diz Mantega

Ministro admite que haverá problemas para aprovar no Congresso projeto que diminui reajuste de R$ 375 para R$ 367

Titular da Fazenda afirma defender política de correção que mantenha ganhos acima da inflação, mas menores do que o aumento do PIB

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo está com dificuldades para voltar atrás na estimativa inicial de elevar o salário mínimo de R$ 350 para R$ 375 no ano que vem, como consta na proposta de Orçamento de 2007 enviada ao Congresso em agosto e que foi alterada no mês passado.
Com desempenho da economia mais fraco que o previsto em 2006, o governo recuou e propôs que o salário mínimo seja reajustado para R$ 367, mas o assunto ainda será discutido com os congressistas. A nova proposta já considera um menor expectativa de inflação e de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu a dificuldade de reduzir o reajuste, mas afirmou que a questão ainda não está fechada no governo e disse ainda que, pessoalmente, defende uma política de reajuste anual para o mínimo que mantenha ganhos acima da inflação, mas menores do que o aumento do PIB.
Ele disse que sua proposta tem como objetivo não sobrecarregar as contas da Previdência Social -o maior gasto do governo- e que sobrem recursos para investimentos.
"No contexto em que estamos, um salário mínimo de R$ 367 representa um aumento real, ou seja, um aumento acima da inflação de 4%. Considero um aumento consistente", disse. A justificativa do ministro para manter a nova proposta de reajuste é que o governo está obedecendo à regra prevista em lei de reajustar o mínimo de acordo com a inflação mais a variação do PIB per capta.
Inicialmente, o governo previa expansão do PIB neste ano de 4,5%, mas a estimativa foi reduzida para 3,75%, o que gerou a diferença no reajuste do mínimo. Essa previsão já foi revista para 3,2% no final do mês passado.

Negociação
Mas o governo terá que negociar a mudança de planos com o Congresso. O relator do Orçamento, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), manteve em seu relatório o aumento para R$ 375. Além disso, as centrais sindicais pressionam para que o governo eleve o salário mínimo para R$ 420.
"O governo está sustentando a regra, só que saiu [aumento para] R$ 375 quando ainda havia projeção mais alta de PIB e inflação. Agora ficou difícil de voltar atrás, mas eu sustento que o certo são R$ 367", disse o ministro. Mantega avalia que o reajuste pode ser mais modesto porque o poder aquisitivo das pessoas com faixa de renda mais baixa está crescendo.
"Corrigir de acordo com a inflação mais o PIB é o correto, o mais adequado, tendo em vista que em outros anos já houve aumento considerável. Para as faixas de renda que recebem o mínimo, a inflação é mais baixa do que a média nacional, o que significa que o poder aquisitivo está aumentando para os detentores de salário mínimo."

Correção real
Neste ano, a correção real do mínimo foi de 13%. Se prevalecer a proposta do Executivo, o ganho acima da inflação será de 2,27%.
"Então a política permanente devia discutir aumento real todo ano, porém abaixo do crescimento do PIB, de modo a pressionar menos a Previdência. O que eu defendo é aumento real abaixo do PIB, para sobrar recursos para investimentos, porque isso é bom para todo mundo, inclusive para os trabalhadores, porque vai representar mais empregos, a melhor forma de fazer justiça social", disse o ministro.


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