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CONCORRÊNCIA
Governador em exercício entrará com ação civil pública contra a decisão de cancelar a compra da Garoto pela Nestlé
Governo do ES entrará na Justiça contra veto
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do Espírito Santo
anunciou ontem que entrará com
uma ação civil pública contra a
decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que cancelou anteontem a
compra da Chocolates Garoto pela Nestlé.
Em nota oficial, o governador
em exercício, Lelo Coimbra
(PSB), afirmou que "o Espírito
Santo também sairá perdendo
com a proibição da venda, já que a
empresa deixará de investir no
Estado". Coimbra se reuniu ontem com o presidente nacional da
Nestlé, Ivan Zurita, o diretor institucional da empresa, Carlos Faccina, e os secretários estaduais Ricardo Ferraço (Agricultura) e Sebastião Barbosa (Comunicação).
No encontro, Zurita informou
que a Nestlé vai interromper os
investimentos de cerca de US$ 150
milhões no Estado, em razão da
decisão do Cade. Os recursos seriam destinados para a instalação
de uma unidade de produção de
café solúvel no ES, além da ampliação da produção e exportação
dos produtos para a Páscoa da fábrica da Garoto em Vila Velha.
Zurita disse que a Nestlé pretendia exportar para mais de 40 países produtos como batons de chocolate e tabletes produzidos pela
fábrica capixaba. Um contrato de
venda de aproximadamente 5.000
toneladas de bombons para os
EUA foi cancelado e os planos de
expansão foram suspensos.
O presidente da Nestlé também
se reuniu com funcionários da
Garoto. Segundo o Sindi Alimentação (Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação), o clima é
tenso na fábrica. Os empregados
temem uma demissão em massa.
A Garoto gera 3.000 empregos diretos e 12 mil indiretos.
Zurita não foi localizado ontem
pela Agência Folha para dizer
qual a posição que a Nestlé deverá
adotar a partir de agora. Sua assessoria de imprensa, em São
Paulo, não tinha informações.
Por pressão da bancada do Espírito Santo, o Senado vai cobrar
explicações do Cade sobre a decisão de reprovar a compra da Garoto pela Nestlé. Os conselheiros
do Cade serão convidados pela
CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) a darem explicações sobre a proibição, em audiência pública com a participação de representantes do sindicato dos trabalhadores da Garoto e de advogados das duas empresas.
A decisão foi considerada "estapafúrdia, absurda, ilegal e imoral"
pelo senador Gerson Camata
(sem partido-ES), para quem a
proibição vai "arrasar" a economia do Estado. "Ao impedir a
compra, dois anos após a operação, o Cade deu recado aos investidores estrangeiros de que não
vale a pena investir no Brasil e não
há regras para os investimentos."
"Essa decisão é uma idiotice.
Faltou bom senso. Vamos realizar
a audiência pública e os próprios
conselheiros podem recuar", defendeu Fernando Bezerra (PTB-RN), relator da medida provisória
que autoriza o Cade a contratar
pessoal técnico por tempo determinado, sem concurso público,
aprovada ontem.
"Não é possível um órgão do governo tirar emprego. Vou trabalhar para reverter a decisão", afirmou Romeu Tuma (PFL-SP).
Partiu de Camata a proposta da
audiência pública, imediatamente aceita pelo presidente da CAE,
Ramez Tebet (PMDB-MS), que se
disse "indignado" com a decisão.
O líder do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), criticou a
"morosidade" da decisão do Cade, mas disse que precisava conhecer melhor as razões técnicas.
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