da Sucursal de Brasília

O governo alterou sua meta de inflação para 99: em vez de uma inflação anual abaixo de 10%, como se falava antes, o objetivo agora é que haja uma inflação anualizada inferior aos 10% em dezembro.
Pode até soar parecido, mas a diferença é grande. Basta dizer que a inflação deste ano -que vai reduzir o poder de compra dos salários- poderá superar os 10% sem que nenhuma das metas acertadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) seja descumprida.
A preocupação básica do governo será com a inflação de dezembro. Ela terá de ficar abaixo de 0,8% no mês.
Essa taxa mensal equivale a uma taxa anual (pressupondo 12 meses com idêntica variação de preços) de 10,03%. Isso é o que significa inflação anualizada.
Se a inflação de dezembro for de, por exemplo, 0,5%, isso significará uma taxa anualizada de 6,17%, pouco importando que a inflação de janeiro a novembro tenha sido de 10%, 100% ou 1.000%.
A mudança da meta de inflação para este ano não quer dizer, no entanto, que o governo permitirá um descontrole maior dos preços nos meses anteriores a dezembro.
Se as taxas de inflação ficarem muito altas ao longo do ano, será impossível, ou praticamente impossível, reduzi-las para algo inferior a 0,8% no último mês de 1999.
É muito provável que o governo estabeleça metas periódicas -bimestrais, trimestrais ou quadrimestrais- para a inflação, ainda que não venha a divulgá-las.
Mesmo que haja taxas de inflação mais altas ao longo deste ano, se o governo conseguir cumprir sua meta em dezembro estará mostrando que, pelo menos, a inflação termina 1999 em tendência declinante.
(GUSTAVO PATÚ)


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