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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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Desemprego deve ser alto até 2004

DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego deve continuar elevado até 2004 no país e será um dos principais desafios para o governo Lula. Na avaliação de economistas e especialistas em mercado de trabalho ouvidos pela Folha, as taxas mensais de desemprego podem até começar a cair a partir do segundo semestre.
Mas a melhora no mercado de trabalho só ocorrerá quando a economia registrar taxa de crescimento entre 4,5% e 5% ao ano. O problema, porém, é que as projeções mais otimistas prevêem que o PIB cresça 2% em 2003. E, com esse ritmo de expansão na economia, o país não consegue criar vagas suficientes para absorver o cerca de 1,5 milhão de pessoas que ingressam por ano no mercado e parte dos desempregados do país. Segundo o IBGE, 2,4 milhões de pessoas estavam desempregadas em fevereiro em seis regiões metropolitanas do país.
"As medidas adotadas para conter a inflação, como a elevação dos juros e o aperto nas contas fiscais, vão trazer resultados a longo prazo. São necessárias para recuperar a credibilidade do país no exterior, mas não têm impacto no curto prazo", diz Juan Pedro Jensen, professor do Ibmec.
Na análise do economista Andrei Spacov, do Unibanco, o país deve crescer em 2003 no mesmo ritmo dos dois últimos anos. "Para este ano, prevemos crescer 1,5%. A perspectiva é uma expansão mais significativa a partir de 2004. O que o governo vai fazer é arrumar a casa, ou seja, adotar políticas conservadoras para manter a inflação sob controle."
O Dieese destaca que as perspectivas para este ano são as de desemprego recorde, pois desde 2002 as taxas já estavam em patamares altos. "Estamos assistindo a um desempenho semelhante ao do ano passado", diz Sérgio Mendonça, coordenador do Dieese. O desemprego na região metropolitana de São Paulo passou de 18,5% em dezembro para 19,1% em fevereiro -mesmo resultado de fevereiro de 2002. "A tendência é de alta em março. Mas não dá para debitar essa conta ao governo Lula", diz Mendonça. Ele explica que, no primeiro trimestre, o desemprego tradicionalmente cresce por haver eliminação de vagas temporárias.
A renda média do trabalhador caiu pelo terceiro mês consecutivo em janeiro -passou de R$ 905 em novembro para R$ 873 em janeiro. "Com inflação alta, economia crescendo pouco, desemprego elevado e mercado de trabalho desfavorável, não era de esperar que houvesse melhora na renda", diz Mendonça. (CR e FF)


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