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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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GOVERNO LULA CEM DIAS

Calote aumenta com inflação e queda na renda; número de falências decretadas também começa ano em alta, mas concordatas recuam

Inadimplência no comércio cresce 13%

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos três primeiros meses do governo Lula, houve aumento da inadimplência de pessoas físicas e crescimento do número de falências decretadas no país.
Segundo informações da ABM Consulting, a inadimplência de pessoas físicas ao comércio cresceu 13% em relação ao primeiro trimestre de 2002.
Dados da Serasa relativos ao primeiro bimestre deste ano apontam na mesma direção: o aumento das dívidas foi de 10,3% em comparação com janeiro e fevereiro do ano passado.
O número de falências decretadas também cresceu em relação a 2002. Segundo a Equifax, consultoria americana especializada na coleta e distribuição de informações sobre situação de crédito, a quantidade de empresas quebradas aumentou 3,05%. No entanto, os pedidos de falência e concordatas caíram, respectivamente, 5,30% e 5,81% durante o período, conforme a consultoria.
De acordo com o economista Alan Marinovic, da ABM Consulting, o aumento do desemprego e da inflação, aliados à queda da renda média do consumidor, foram os principais fatores que contribuíram para o aumento da inadimplência da pessoa física.

Sufoco
O alongamento dos prazos concedidos pelo comércio e indústria para o crédito no começo do ano também influenciou no crescimento das dívidas, aponta o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.
"A intenção do comércio e indústria foi de atrair consumidores para conseguir pagar impostos, concentrados no primeiro mês do ano. No entanto, no atual cenário econômico essa opção de alongar prazos é arriscada, porque quem compra tem menor controle sobre o orçamento. Isso aumenta a inadimplência", afirmou.
Apesar do apelo de prazos mais longos, Almeida ressalta que a procura por crédito caiu no país. Isso porque, segundo ele, as incertezas geradas pelo aumento do desemprego e a queda na renda média -que promete ser recorde neste ano- acautelaram o consumidor na hora das compras.

Arrocho
A continuidade de uma política econômica conservadora pelo novo governo, com aumento dos juros básicos da economia e aperto no superávit primário, comprometeu a situação de muitas empresas.
Conforme analistas, esses fatores explicam o aumento das falências durante os três primeiros meses deste ano.
Se a inadimplência aumentou no primeiro trimestre do ano, os devedores quitaram mais suas dívidas durante o período, segundo a Associação Comercial de São Paulo: 655,4 mil carnês em atraso foram cancelados de janeiro a março deste ano, número 16,7% maior do que o registrado no mesmo período de 2002.
De acordo com os analistas, a instabilidade econômica do país, a alta nas taxas de desemprego e a queda de renda média tornaram o consumidor mais prudente na hora de abrir a carteira.


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