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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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Países emergentes têm previsão de crescimento rebaixada

DA REPORTAGEM LOCAL

No compasso da marcha lenta da recuperação das economias dos países do G7 (sete países mais ricos) e das incertezas geradas pela guerra no Iraque, a média de crescimento das economias dos mercados emergentes deve atingir no máximo 4% neste ano.
As previsões de analistas ouvidos pela Folha estão bem abaixo dos 5% previstos por algumas instituições financeiras no final do ano passado.
"A economia mundial ainda está se recuperando dos impactos do estouro da bolha das ações de alta tecnologia, em 2000. A crise de confiança desencadeada na época somada às incertezas da duração da guerra são prejudiciais principalmente para os países emergentes", avalia Yusuke Horigushi, economista-chefe do IIF (Instituto Internacional de Finanças).
O fardo mais pesado da contração do desempenho dos países emergentes recai sobre os ombros da economia americana. O motivo é simples. O crescimento da economia americana representou 64% do aumento acumulado do PIB (Produto Interno Bruto) mundial entre 1995 e 2002, de acordo com Stephen Roach.
A manutenção do dólar fraco também pode inibir a tentativa de crescimento, via exportação, empreendida por boa parte dos emergentes.
"Embora ainda não haja uma inflexão da curva de importações dos Estados Unidos, os países emergentes com economias muito abertas vão sofrer mais", afirma Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Securities.

Impacto asiático
Os mercados emergentes asiáticos não estão perto de uma crise como a de 1997, mas a sombra de uma desaceleração econômica continua a pairar.
No caso da Coréia do Sul, a queda do crescimento do consumo interno- passou de uma taxa de 5,1% em 2002 para estimativa de 2,3% neste ano- é apontada como um dos principais motivos para a redução da expectativa de crescimento do PIB do país neste ano. Aliado a isso, há a depreciação do dólar, que prejudica as exportações desses países.
"Essas economias têm um modelo dependente de exportações. O PIB da Malásia, por exemplo, é quase integralmente composto de receitas de exportação. Com um dólar fraco, as exportações para os Estados Unidos declinam e afetam negativamente esses países", afirma Todd Lee, diretor do Grupo de Economia Asiática da GlobalInsight.
A longo prazo, a manutenção do dólar desvalorizado representa um entrave ao crescimento dos emergentes asiáticos, mas, pelo menos a curto prazo, o aumento de exportações para a China tem funcionado como uma blindagem para esses países.
De acordo com o OEF, o volume das importações chinesas cresceu 21% no ano passado. As exportações da Coréia do Sul para o país, por exemplo, cresceram 30%.

Brasil
No Brasil, o impacto da desaceleração do G7 vai se refletir na retração dos investimentos diretos. Estimativas do BES Securities prevêem um fluxo de US$ 16 bilhões neste ano. Praticamente o mesmo volume registrado em 2002. Um cenário de guerra prolongada, porém, pode reduzir esse prognóstico.
Com relação ao comércio exterior, o Brasil está mais protegido dos impactos da contração americana. A fatia do comércio exterior no PIB brasileiro, diferentemente da dos países asiáticos, representa no máximo 25%. Além disso, apesar de os EUA serem um importante parceiro, a intensificação das relações comerciais com a China pode ajudar a diminuir uma eventual queda de importações dos EUA. (CC)


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