São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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COMÉRCIO EXTERIOR

País voltou a realizar 1% de todas as vendas do planeta

Brasil sobe um degrau no ranking dos exportadores

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento de 21% nas vendas externas no ano passado permitiu ao Brasil responder por 1% das exportações mundiais, segundo relatório da OMC (Organização Mundial do Comércio). Com isso, o país avançou um posto no ranking dos maiores exportadores globais: de 26º para 25º.
O resultado é medíocre, se considerado, por exemplo, que o México, com economia de tamanho semelhante à do Brasil, representou 2,2% das exportações globais (é o 13º na lista). Mas, desde 1994, o Brasil não tinha participação equivalente ou superior a 1% nas exportações mundiais. Naquele ano, o Brasil exportou US$ 43,545 bilhões, em um cenário global com exportações totalizando US$ 4,326 trilhões. A partir de 1995, a participação brasileira nas exportações mundiais oscilou entre 0,8% e 0,9%. Em 2002, ficou em 0,93%, segundo a OMC.
Primeira da lista de exportadores, a Alemanha respondeu por 10% do total mundial.
A evolução do Brasil no ano passado se explica pelo crescimento de suas exportações acima da média mundial. As exportações brasileiras totalizaram US$ 73,1 bilhões -alta de 21% em relação aos US$ 60,4 bilhões de 2002. O comércio mundial aumentou em média 16% sobre 2002, com exportações de US$ 7,482 trilhões.
Por outro lado, as importações brasileiras subiram apenas 2%, para US$ 50,7 bilhões. Resultado: o país acumulou o maior superávit comercial de sua história. No ranking da OMC de importadores, o Brasil caiu do 27º para o 30º lugar. Puxados pela recuperação dos EUA e pelas economias asiáticas, em 2003, o PIB (Produto Interno Bruto) global subiu 2,5%, e o volume de comércio, 4,5%. Foi o melhor resultado, desde 2000, quando a expansão da economia mundial chegou a 4% e a do comércio, a 4,5%.
Para este ano, a estimativa da OMC é que o PIB do mundo cresça 3,7%, e o comércio, 7,5%.
Pelas estimativas da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), o país deverá elevar entre um e dois décimos sua participação nas exportações mundiais em 2004. Terminaria o ano com uma quota de 1,1% a 1,2%. Mas isso depende de as exportações chegarem a um patamar mínimo de US$ 82 bilhões, como estima o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan -ou alta de 12,33% em relação a 2003.
Cálculo semelhante é apresentado pela Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica). Pelas estimativas da entidade, o Brasil precisaria exportar US$ 83,8 bilhões neste ano para deter 1,1% das exportações mundiais. ""Uma boa meta seria participarmos com 2% do comércio. É possível, mas tomará pelo menos uma década", diz Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet.
O economista argumenta que esse crescimento dependerá da implementação da política industrial e de incentivos tributários. ""O histórico brasileiro mostra que, sempre que há uma retomada do consumo interno [como o prometido para este ano], sacrificam-se as exportações, ou vice-versa. Não são coisas incompatíveis, mas dependem de uma política de exportação que vá além do fator câmbio favorável", afirma.
Mais do que a fraca demanda interna, que obrigou as empresas a procurarem mercados no exterior, a determinante para o resultado do comércio exterior do Brasil em 2003 foi a expansão das exportações de commodities: as vendas de produtos manufaturados cresceram 20,2%, as de semimanufaturados (açúcar, aço), 22,1%, e as de produtos básicos, 24,9%. Se em 2000, no ápice histórico, os manufaturados respondiam por 63,68% das exportações, em 2003 essa parcela encolheu para 57,87%. Estimulada pelos aumentos dos preços (e demanda) internacionais, a participação dos produtos básicos (soja e minério de ferro) subiu de 17,6%, em 2000, para 29,9%.
""Isoladamente, os números são bons. O país recuperou uma parcela do comércio mundial. Mas deveria ocorrido de forma mais equilibrada, e não tão apoiado em itens básicos", diz José Augusto Castro, diretor da AEB.


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