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COMÉRCIO EXTERIOR
País voltou a realizar 1% de todas as vendas do planeta
Brasil sobe um degrau no ranking dos exportadores
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento de 21% nas vendas externas no ano passado permitiu ao Brasil responder por 1%
das exportações mundiais, segundo relatório da OMC (Organização Mundial do Comércio). Com
isso, o país avançou um posto no
ranking dos maiores exportadores globais: de 26º para 25º.
O resultado é medíocre, se considerado, por exemplo, que o México, com economia de tamanho
semelhante à do Brasil, representou 2,2% das exportações globais
(é o 13º na lista). Mas, desde 1994,
o Brasil não tinha participação
equivalente ou superior a 1% nas
exportações mundiais. Naquele
ano, o Brasil exportou US$ 43,545
bilhões, em um cenário global
com exportações totalizando US$
4,326 trilhões. A partir de 1995, a
participação brasileira nas exportações mundiais oscilou entre
0,8% e 0,9%. Em 2002, ficou em
0,93%, segundo a OMC.
Primeira da lista de exportadores, a Alemanha respondeu por
10% do total mundial.
A evolução do Brasil no ano
passado se explica pelo crescimento de suas exportações acima
da média mundial. As exportações brasileiras totalizaram US$
73,1 bilhões -alta de 21% em relação aos US$ 60,4 bilhões de
2002. O comércio mundial aumentou em média 16% sobre
2002, com exportações de US$
7,482 trilhões.
Por outro lado, as importações
brasileiras subiram apenas 2%,
para US$ 50,7 bilhões. Resultado:
o país acumulou o maior superávit comercial de sua história. No
ranking da OMC de importadores, o Brasil caiu do 27º para o 30º
lugar. Puxados pela recuperação
dos EUA e pelas economias asiáticas, em 2003, o PIB (Produto Interno Bruto) global subiu 2,5%, e
o volume de comércio, 4,5%. Foi o
melhor resultado, desde 2000,
quando a expansão da economia
mundial chegou a 4% e a do comércio, a 4,5%.
Para este ano, a estimativa da
OMC é que o PIB do mundo cresça 3,7%, e o comércio, 7,5%.
Pelas estimativas da AEB (Associação de Comércio Exterior do
Brasil), o país deverá elevar entre
um e dois décimos sua participação nas exportações mundiais em
2004. Terminaria o ano com uma
quota de 1,1% a 1,2%. Mas isso depende de as exportações chegarem a um patamar mínimo de
US$ 82 bilhões, como estima o
ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan -ou alta
de 12,33% em relação a 2003.
Cálculo semelhante é apresentado pela Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas
Transnacionais e da Globalização
Econômica). Pelas estimativas da
entidade, o Brasil precisaria exportar US$ 83,8 bilhões neste ano
para deter 1,1% das exportações
mundiais. ""Uma boa meta seria
participarmos com 2% do comércio. É possível, mas tomará pelo
menos uma década", diz Antônio
Corrêa de Lacerda, presidente da
Sobeet.
O economista argumenta que
esse crescimento dependerá da
implementação da política industrial e de incentivos tributários.
""O histórico brasileiro mostra
que, sempre que há uma retomada do consumo interno [como o
prometido para este ano], sacrificam-se as exportações, ou vice-versa. Não são coisas incompatíveis, mas dependem de uma política de exportação que vá além do
fator câmbio favorável", afirma.
Mais do que a fraca demanda
interna, que obrigou as empresas
a procurarem mercados no exterior, a determinante para o resultado do comércio exterior do Brasil em 2003 foi a expansão das exportações de commodities: as
vendas de produtos manufaturados cresceram 20,2%, as de semimanufaturados (açúcar, aço),
22,1%, e as de produtos básicos,
24,9%. Se em 2000, no ápice histórico, os manufaturados respondiam por 63,68% das exportações, em 2003 essa parcela encolheu para 57,87%. Estimulada pelos aumentos dos preços (e demanda) internacionais, a participação dos produtos básicos (soja
e minério de ferro) subiu de
17,6%, em 2000, para 29,9%.
""Isoladamente, os números são
bons. O país recuperou uma parcela do comércio mundial. Mas
deveria ocorrido de forma mais
equilibrada, e não tão apoiado em
itens básicos", diz José Augusto
Castro, diretor da AEB.
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