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Empresas "travam" câmbio para estancar perda
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas exportadoras passaram a antecipar o fechamento de
contratos de câmbio para se proteger de novas quedas na cotação
do dólar.
"Há muitos exportadores
adiantando as operações. Ou seja,
eles "travam" uma taxa e, com isso,
se protegem se ocorrer mais queda na cotação", diz Marcelo Castro, da área de câmbio do Banco
Votorantim.
Por isso, o setor exportador passou a até mesmo "fechar" uma taxa de câmbio, com base na cotação do dia, para não perder dinheiro.
Com o recente tropeço da moeda estrangeira, as empresas exportadoras precisam definir com
que taxa trabalharão nos próximos contratos de envio de mercadorias ao exterior.
Nos últimos meses, a taxa média estava em R$ 3. Como a oscilação acentuou-se a partir de março, a saída passou a articular uma
nova taxa antes de outras quedas.
E até trabalhar com o câmbio do
dia. Segundo a Folha apurou, líderes de mercado como a Sadia
operam dessa forma.
A operação funciona da seguinte forma: o exportador vende, por
exemplo, US$ 100 em mercadorias. Ao fechar o acordo lá fora, o
montante é pago em reais e ele
não recebe o dinheiro na hora,
mas no mínimo três meses depois. Mas as partes definem o preço a ser pago. Pode ser, por exemplo, com base num dólar médio
mensal ou o dólar no dia do embarque das mercadorias.
"O exportador vai receber menos dólares se o real despencar.
Ao "travar" uma taxa, ele se protege desse sobe e desce", afirmou
Roberto Gianetti da Fonseca, ex-secretário-executivo da Camex
(Câmara de Comércio Exterior) e
sócio da Silex Trading.
O contrato de venda no exterior
é fechado e, durante o período em
que a mercadoria ainda não foi
entregue, a empresa precisa arcar
com os gastos de produção. Logo,
a exportadora busca recursos no
país e obtém uma linha de crédito
em um banco local, por meio de
uma operação de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio).
O banco repassa ao exportador
os recursos com prazo de pagamento de até 360 dias. E cobra taxa que varia de 7% a 11% ao ano.
Também é definido entre as
partes -banco e empresa- com
que taxa de câmbio irão operar. O
empréstimo é feito em real mas,
para cálculo, as partes se baseiam
no valor do dólar.
Jogo arriscado
Há riscos em "travar" o câmbio
nessas operações de venda ao exterior.
Ao "travar" o câmbio agora, a
companhia perde dinheiro se a
cotação disparar. Isso porque ela
poderia receber mais reais por
dólar.
Ao mesmo tempo, se a cotação
despencar, a companhia já terá fixado uma taxa "x". Portanto,
mesmo com a queda no valor da
moeda estrangeira, a empresa
ainda receberá um valor que garantirá a sua rentabilidade.
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