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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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Empresas "travam" câmbio para estancar perda

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas exportadoras passaram a antecipar o fechamento de contratos de câmbio para se proteger de novas quedas na cotação do dólar.
"Há muitos exportadores adiantando as operações. Ou seja, eles "travam" uma taxa e, com isso, se protegem se ocorrer mais queda na cotação", diz Marcelo Castro, da área de câmbio do Banco Votorantim.
Por isso, o setor exportador passou a até mesmo "fechar" uma taxa de câmbio, com base na cotação do dia, para não perder dinheiro.
Com o recente tropeço da moeda estrangeira, as empresas exportadoras precisam definir com que taxa trabalharão nos próximos contratos de envio de mercadorias ao exterior.
Nos últimos meses, a taxa média estava em R$ 3. Como a oscilação acentuou-se a partir de março, a saída passou a articular uma nova taxa antes de outras quedas. E até trabalhar com o câmbio do dia. Segundo a Folha apurou, líderes de mercado como a Sadia operam dessa forma.
A operação funciona da seguinte forma: o exportador vende, por exemplo, US$ 100 em mercadorias. Ao fechar o acordo lá fora, o montante é pago em reais e ele não recebe o dinheiro na hora, mas no mínimo três meses depois. Mas as partes definem o preço a ser pago. Pode ser, por exemplo, com base num dólar médio mensal ou o dólar no dia do embarque das mercadorias.
"O exportador vai receber menos dólares se o real despencar. Ao "travar" uma taxa, ele se protege desse sobe e desce", afirmou Roberto Gianetti da Fonseca, ex-secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior) e sócio da Silex Trading.
O contrato de venda no exterior é fechado e, durante o período em que a mercadoria ainda não foi entregue, a empresa precisa arcar com os gastos de produção. Logo, a exportadora busca recursos no país e obtém uma linha de crédito em um banco local, por meio de uma operação de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio).
O banco repassa ao exportador os recursos com prazo de pagamento de até 360 dias. E cobra taxa que varia de 7% a 11% ao ano.
Também é definido entre as partes -banco e empresa- com que taxa de câmbio irão operar. O empréstimo é feito em real mas, para cálculo, as partes se baseiam no valor do dólar.

Jogo arriscado
Há riscos em "travar" o câmbio nessas operações de venda ao exterior.
Ao "travar" o câmbio agora, a companhia perde dinheiro se a cotação disparar. Isso porque ela poderia receber mais reais por dólar.
Ao mesmo tempo, se a cotação despencar, a companhia já terá fixado uma taxa "x". Portanto, mesmo com a queda no valor da moeda estrangeira, a empresa ainda receberá um valor que garantirá a sua rentabilidade.


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