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AVICULTURA
Trabalho de mestrado de farmacêutico surge como mais uma opção econômica para grupos de produtores
Tecnologia faz galinha "velha" virar charque
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Uma nova tecnologia, desenvolvida pelo Departamento de Tecnologia de Alimentos da UEL (Universidade Estadual de Londrina), pode colocar fim a um dos
maiores problemas dos produtores nacionais de ovos: como agregar valor no momento de descartar as galinhas poedeiras.
O problema não é pequeno. O
Brasil terminou o ano de 2002
com 67,77 milhões de aves alojadas. Com o fim da vida econômica útil das galinhas -quando deixam de produzir ovos e se tornam
inviáveis para o produtor, entre
75 e 80 semanas de alojamento-,
surge, com a nova tecnologia, a
possibilidade de transformação
das partes nobres da galinha em
charque.
O charque de galinha, desenvolvido como trabalho de mestrado
do farmacêutico Carlos Eduardo
Rocha Garcia, 26, com orientação
do professor Massami Shimokomaki, 62, surge como mais uma
opção econômica para grupos de
produtores e associações de avicultores de postura.
O processamento do charque
da galinha é uma tecnologia simples. São aproveitadas as partes
nobres da ave (o restante é descartado para ração animal), com salga na proporção de três quilos de
sal para cada quilo de carne. O
processo de salga e desidratação
dura quatro dias, em estufa com
temperatura a 25C. Depois de
pronto, o charque é embalado a
vácuo com nitrito de sódio e tem
vida útil, fora da geladeira, de três
meses.
"É uma tecnologia simplificada
para a produção de proteína, ideal
para grupos de produtores. E uma
maneira também de os produtores agregarem valor à sua atividade", afirma Garcia.
O pesquisador Shimokomaki
destaca que o custo de produção
de um quilo de charque de galinha (com 30% de proteína) fica
em R$ 1,30 para o produtor.
"Além do produtor, não podemos esquecer o consumidor, que
terá proteína barata e de qualidade." O charque de galinha é macio, ao contrário da carne dura da
galinha descartada das granjas.
O que surpreendeu os pesquisadores é que grupos estrangeiros,
de produtores e empresas, estão
mais interessados que os brasileiros na produção do charque de
galinha, como demonstram os
pedidos de informações sobre a
transferência de tecnologia.
A Associação de Ciências das
Aves dos Estados Unidos solicitou aos pesquisadores a publicação de artigo sobre a produção de
charque de galinha em seu jornal
científico. Além disso, a UEL tem
recebido pedidos de transferência
de tecnologia para a produção do
charque naquele país.
Os EUA são um dos maiores
produtores de ovos do mundo e
os produtores enfrentam as mesmas dificuldades dos brasileiros
no momento de descartar as aves.
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