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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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AVICULTURA

Trabalho de mestrado de farmacêutico surge como mais uma opção econômica para grupos de produtores

Tecnologia faz galinha "velha" virar charque

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Uma nova tecnologia, desenvolvida pelo Departamento de Tecnologia de Alimentos da UEL (Universidade Estadual de Londrina), pode colocar fim a um dos maiores problemas dos produtores nacionais de ovos: como agregar valor no momento de descartar as galinhas poedeiras.
O problema não é pequeno. O Brasil terminou o ano de 2002 com 67,77 milhões de aves alojadas. Com o fim da vida econômica útil das galinhas -quando deixam de produzir ovos e se tornam inviáveis para o produtor, entre 75 e 80 semanas de alojamento-, surge, com a nova tecnologia, a possibilidade de transformação das partes nobres da galinha em charque.
O charque de galinha, desenvolvido como trabalho de mestrado do farmacêutico Carlos Eduardo Rocha Garcia, 26, com orientação do professor Massami Shimokomaki, 62, surge como mais uma opção econômica para grupos de produtores e associações de avicultores de postura.
O processamento do charque da galinha é uma tecnologia simples. São aproveitadas as partes nobres da ave (o restante é descartado para ração animal), com salga na proporção de três quilos de sal para cada quilo de carne. O processo de salga e desidratação dura quatro dias, em estufa com temperatura a 25C. Depois de pronto, o charque é embalado a vácuo com nitrito de sódio e tem vida útil, fora da geladeira, de três meses.
"É uma tecnologia simplificada para a produção de proteína, ideal para grupos de produtores. E uma maneira também de os produtores agregarem valor à sua atividade", afirma Garcia.
O pesquisador Shimokomaki destaca que o custo de produção de um quilo de charque de galinha (com 30% de proteína) fica em R$ 1,30 para o produtor.
"Além do produtor, não podemos esquecer o consumidor, que terá proteína barata e de qualidade." O charque de galinha é macio, ao contrário da carne dura da galinha descartada das granjas.
O que surpreendeu os pesquisadores é que grupos estrangeiros, de produtores e empresas, estão mais interessados que os brasileiros na produção do charque de galinha, como demonstram os pedidos de informações sobre a transferência de tecnologia.
A Associação de Ciências das Aves dos Estados Unidos solicitou aos pesquisadores a publicação de artigo sobre a produção de charque de galinha em seu jornal científico. Além disso, a UEL tem recebido pedidos de transferência de tecnologia para a produção do charque naquele país.
Os EUA são um dos maiores produtores de ovos do mundo e os produtores enfrentam as mesmas dificuldades dos brasileiros no momento de descartar as aves.


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