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COMUNICAÇÃO
Carlos Lessa fala no Senado sobre eventual programa de apoio ao setor
Mídia terá regra rígida, diz BNDES
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que serão impostas condições rígidas às empresas
de comunicação candidatas a um
eventual refinanciamento de suas
dívidas com apoio da instituição.
"Eu acho que a questão do refinanciamento pode, sim, ser examinada. Mas num pacto político-social explícito, em que fique absolutamente claro que o BNDES
não vira balcão para negociar favores", afirmou Lessa, em debate
sobre o tema na Comissão de
Educação do Senado.
A proposta de um programa de
apoio do BNDES às empresas de
mídia, apresentada por entidades
do setor, é estudada desde 2003
pelo governo. Já há um projeto esboçado, cujo ponto mais controverso é o refinanciamento de dívidas -operação que não faz parte
da tradição do banco.
Lessa enumerou três exigências
que o BNDES fará nesse caso:
1) créditos de acionistas ou relacionados às empresas terão de ser
convertidos em aporte de capital.
Acionistas não poderão aproveitar o empréstimo do banco para
receber créditos contra a empresa
e deixar o negócio;
2) bancos comerciais credores
das empresas também terão de
participar das operações de refinanciamento, concedendo condições compatíveis com as oferecidas pelo BNDES. Não deverá haver empréstimos diretos do
BNDES às empresas;
3) as empresas terão de publicar
balanços trimestrais submetidos
a auditorias independentes, entre
outras normas de transparência.
Para sustentar que essas são regras duras, o presidente do
BNDES citou o caso das distribuidoras de energia elétrica, para as
quais a instituição também criou
uma linha de refinanciamento.
Em março, na mesma comissão
do Senado, o vice-presidente do
BNDES, Darc Costa, anunciou
que o programa de socorro ao setor teria até R$ 4 bilhões, dando
como certa a linha de refinanciamento de dívidas do setor, estimadas em R$ 10 bilhões.
Na ocasião, o assunto era debatido com representantes das principais emissoras de TV. Record,
SBT e Rede TV!, contrárias ao refinanciamento, apontaram a Globo como a principal beneficiária
potencial da operação.
Ontem, em sessão que reuniu
representantes da mídia impressa, Lessa foi mais cauteloso e não
respondeu diretamente às perguntas sobre a possibilidade de o
BNDES refinanciar dívidas.
"Não tenho uma resposta para
essa questão. Se eu fosse questionado como pessoa física, diria o
seguinte: é extremamente importante não deixar que o setor escorregue para mãos não-brasileiras."
Lessa disse que, por orientação
do governo, o assunto -que envolve questões como a independência editorial das empresas-
será discutido com senadores, deputados e a sociedade civil.
Participaram da sessão Paulo
Tonet Camargo, diretor do Comitê de Assuntos Jurídicos da ANJ
(Associação Nacional de Jornais),
Paulo Marinho, vice-presidente-executivo do "Jornal do Brasil",
Mino Carta, diretor de Redação
da revista "Carta Capital", e Celso
Augusto Schröder, coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação.
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