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ATIVIDADE
Segundo o IBGE, índice teve alta de 3,3% em relação ao ano passado
Indústria tem em abril melhor produção do Real
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
A indústria brasileira atingiu,
em abril, o seu melhor nível de
produção desde o início do Plano
Real (1994), mesmo com desaceleração no ritmo do crescimento
(o acumulado no ano passou de
8% para 6,6% em abril), segundo
dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Todos os índices sobre a produção industrial de abril estão positivos -2,9% sobre março e 3,3%
sobre abril do ano passado- e
mostram também que o país hoje
produz 2% a mais do que produzia em fevereiro de 1995, pico de
produção só igualado no final do
ano passado e que vem sendo superado desde então.
Apesar de "nada brilhante", explica o economista Salomão Quadros, da FGV (Fundação Getúlio
Vargas), tal resultado (2%) é importante porque nesses cinco
anos a indústria oscilou ao sabor
de várias crises internacionais.
Sílvio Sales, chefe do Departamento de Indústria do IBGE, destaca que a desaceleração do crescimento não é uma reversão de
tendência. As comparações com
os primeiros meses de 99 estão
contaminadas por um efeito estatístico (a base era muito fraca).
Sales informou que a produção
industrial cresceu 1,4%, nos primeiros quatro meses do ano, em
relação ao último quadrimestre
do ano passado, o melhor momento da indústria em 1999.
Economistas do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), da FGV (Fundação Getúlio
Vargas) e da CNI (Confederação
Nacional da Indústria) concordam que há boas razões para crer
que a indústria continuará sua
trajetória de recuperação.
As perspectivas otimistas sobre
a indústria são corroboradas pela
Sondagem Conjuntural da Indústria da FGV. Salomão Quadros,
responsável pela pesquisa, lembra
que, em abril, 45% dos empresários apontaram a expansão de capacidade como prioridade. Nos
dois últimos anos, essa porcentagem não passava dos 20% e o destaque era redução de custos. "O
resultado de abril é compatível
com um crescimento de 4,5% para a indústria no ano. Estamos no
caminho", disse Quadros.
A recuperação está sendo puxada pela categoria mais sensível às
mudanças macroeconômicas
(como juros, câmbio e cenário internacional): a de bens duráveis.
Incluem-se aí automóveis e eletroeletrônicos, principais produtos do setor, que fechou o quadrimestre com crescimento de 19,7%
e único, por sinal, cujo crescimento não perdeu velocidade em relação a março, como os demais.
Quanto aos motivos para a retomada da indústria, iniciada em
agosto, o IBGE cita a demanda interna facilitada pelas vendas a
prazo, as exportações de manufaturados e a ampliação do investimento. Para o Ipea, o resultado de
abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado (3,3%),
decepcionou. "Esperávamos um
crescimento de 6%, mas a desaceleração não é motivo para preocupação", afirmou Paulo Levy,
coordenador do Grupo Conjuntura do Ipea. "Hoje, as condições
são muito mais favoráveis para
um crescimento sustentado do
que no passado."
O setor dos bens não-duráveis
ficou com os piores resultados.
Justamente por depender diretamente do poder aquisitivo da população, da geração de renda e
emprego -indicadores que, por
natureza, são mais resistentes aos
recentes avanços da economia.
O que impede a indústria de
manter um crescimento acelerado são as "falhas estruturais" da
economia, como juros altos e fatores mais complexos (tecnologia) para o setor de bens de capital
(máquinas e equipamentos),
aponta o economista Flávio Castelo Branco, da CNI.
A pesquisa do IBGE aborda
6.200 empresas de todo o país.
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