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REFORMA
Parte da conta será do Tesouro
Déficit da Previdência vai cair em US$ 1,7 bi
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O déficit da Previdência Social
neste ano será reduzido de R$ 11,2
bilhões para R$ 9,5 bilhões porque os benefícios vinculados à
renda mensal vitalícia passarão a
ser contabilizados nas contas do
Tesouro Nacional.
Na prática, o déficit do governo
como um todo continua o mesmo
porque o Tesouro também cobre
o rombo da Previdência. Mas, nas
discussões sobre o aumento do
salário mínimo, por exemplo, o
peso do déficit previdenciário diminui. O reajuste tem impacto sobre os benefícios com valor equivalente ao do mínimo.
Esse é o caso dos aposentados
pela renda mensal vitalícia, ou
855,2 mil pessoas. "Estamos
avançando na transparência, colocando esses benefícios na conta
de assistência social, que é de responsabilidade do Tesouro", disse
o ministro da Previdência Social,
Waldeck Ornélas.
Nessa conta, já estão os benefícios vinculados à Loas (Lei Orgânica de Assistência Social). A Loas
está substituindo a renda mensal
vitalícia. Essa renda é paga aos
idosos com mais de 70 anos e aos
inválidos que não contribuíram
regularmente para a Previdência.
Com a Loas, idosos com mais de
67 anos e deficientes físicos que
não contribuíram regularmente
têm direito ao benefício desde
que comprovem renda familiar
mensal de, no máximo, 25% do
salário mínimo por pessoa. Esses
benefícios custam R$ 2,2 bilhões
anuais. O maior grupo de benefícios assistenciais da Previdência,
os rurais, não será retirado das
contas do ministério. Dos R$ 15,8
bilhões de gastos anuais com benefícios assistenciais, R$ 11,9 bilhões são rurais. "Esses segurados
não contribuem o suficiente do
ponto de vista atuarial, mas a contribuição existe", disse o ministro.
Segundo Ornélas, os três grupos
de benefícios assistenciais beneficiam 7,8 milhões de pessoas, ou
63% do total de segurados que recebem benefícios pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
O governo costuma afirmar que
esse é o maior programa de renda
mínima do país.
O ministro disse que o governo,
"por enquanto", não vai sugerir
mudanças para reduzir a renúncia fiscal que a Previdência tem
hoje. Um trabalho da Secretaria
de Previdência Social apurou que
o total da renúncia estimado para
2001 é R$ 6,5 bilhões, mais da metade do déficit da Previdência.
A renúncia atual acontece por
causa do recebimento de contribuições mais baixas de segurados
especiais (produtores rurais que
contribuem individualmente),
produtores rurais que trabalham
em regime de economia familiar,
empregadores domésticos, clubes
de futebol, microempresas e entidades filantrópicas.
Ornélas disse que há espaço para mudanças na legislação em relação à cobrança de contribuições
previdenciárias de clubes de futebol e de entidades filantrópicas.
Mas não deu detalhes sobre o que
poderá ser modificado. "Vamos
deixar o Congresso discutir primeiro", afirmou.
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