São Paulo, domingo, 6 de julho de 1997.



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Especulação e crise cambial abalam baht

do enviado especial à Tailândia

A crise do baht foi consequência de um processo longo e o desenlace era previsível. A pergunta não era se haveria ou não uma quebra da regra cambial, mas quando.
E o governo, enquanto tentava salvar instituições financeiras quebradas e lançava audaciosos projetos de investimento e apoio às exportações, foi aos poucos editando medidas que preparam o terreno para a mudança.
Antes da desvalorização, o governo facilitou a concentração no sistema financeiro, baixando um decreto que estimula as fusões. Foi eliminado o limite de 25% que existia para a participação de capital estrangeiro em bancos. Um processo de fusão, que normalmente levaria quase um ano para terminar, deverá agora consumir apenas duas ou três semanas.
Segundo o ministro das Finanças, Thanong Bidaya, o objetivo do governo é sobretudo "proteger depositantes e credores, encontrando meios que lhes permitam sobreviver" e não salvar os donos das instituições financeiras.
É uma espécie de Proer, versão tailandesa, o que não é pouco: o ministro faz questão de dizer que os executivos não agiram de má-fé; apenas foram vítimas de uma crise. O próprio ministro acredita que serão necessários dois meses até que a crise esteja superada.
Num depoimento emocionado no Parlamento tailandês na última quinta-feira, Bidaya admitiu que parte dos investimentos estrangeiros dos últimos anos foi direcionada para "negócios que não geram renda", alusão à economia de bolha especulativa com exportações declinantes.
O setor imobiliário foi um dos preferidos pelos especuladores. Algumas instituições fizeram empréstimos a incorporadoras imobiliárias sem garantia. Fundos de curto prazo obtidos no exterior foram direcionados para a Bolsa ou para financiar o consumo.
Na medida em que não houve como resgatar esses recursos, as instituições financeiras foram perdendo caixa e os juros começaram a subir, criando um círculo vicioso de créditos podres, instituições insolventes, queda da liquidez, fuga de capitais, alta dos juros e, portanto, mais créditos podres. (GS)



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