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Especulação e crise
cambial abalam baht
do enviado especial à Tailândia
A crise do baht foi consequência
de um processo longo e o desenlace era previsível. A pergunta não
era se haveria ou não uma quebra
da regra cambial, mas quando.
E o governo, enquanto tentava
salvar instituições financeiras quebradas e lançava audaciosos projetos de investimento e apoio às exportações, foi aos poucos editando
medidas que preparam o terreno
para a mudança.
Antes da desvalorização, o governo facilitou a concentração no
sistema financeiro, baixando um
decreto que estimula as fusões. Foi
eliminado o limite de 25% que
existia para a participação de capital estrangeiro em bancos. Um
processo de fusão, que normalmente levaria quase um ano para
terminar, deverá agora consumir
apenas duas ou três semanas.
Segundo o ministro das Finanças, Thanong Bidaya, o objetivo
do governo é sobretudo "proteger
depositantes e credores, encontrando meios que lhes permitam
sobreviver" e não salvar os donos
das instituições financeiras.
É uma espécie de Proer, versão
tailandesa, o que não é pouco: o
ministro faz questão de dizer que
os executivos não agiram de má-fé;
apenas foram vítimas de uma crise. O próprio ministro acredita
que serão necessários dois meses
até que a crise esteja superada.
Num depoimento emocionado
no Parlamento tailandês na última
quinta-feira, Bidaya admitiu que
parte dos investimentos estrangeiros dos últimos anos foi direcionada para "negócios que não geram
renda", alusão à economia de bolha especulativa com exportações
declinantes.
O setor imobiliário foi um dos
preferidos pelos especuladores.
Algumas instituições fizeram empréstimos a incorporadoras imobiliárias sem garantia. Fundos de
curto prazo obtidos no exterior foram direcionados para a Bolsa ou
para financiar o consumo.
Na medida em que não houve
como resgatar esses recursos, as
instituições financeiras foram perdendo caixa e os juros começaram
a subir, criando um círculo vicioso
de créditos podres, instituições insolventes, queda da liquidez, fuga
de capitais, alta dos juros e, portanto, mais créditos podres.
(GS)
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