São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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ENERGIA

Secretário contesta presidente e diz que guerra afeta comércio de óleo

Opep se confunde sobre preço de óleo

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Uma eventual nova guerra no Golfo Pérsico poderá ter consequências muito mais graves para o abastecimento mundial de petróleo do que admitia inicialmente a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Ontem, pela primeira vez um membro da cúpula da Opep presente ao Congresso Mundial de Petróleo, no Rio, reconheceu que não se pode prever o impacto de um conflito na região tanto em relação ao abastecimento quanto aos preços do produto.
"Nós (da Opep) temos a intenção de manter preços estáveis, mas num cenário de guerra não é possível predizer se haverá aumentos ou problemas de abastecimento", afirmou o venezuelano Álvaro Silva Calderón, secretário-geral da Opep. ""Ninguém pode garantir que os efeitos (de uma guerra) não vão se propagar entre outros países da região e quanto tempo ela poderia durar."
Nos três dias iniciais do congresso, o discurso unânime da Opep, inclusive do presidente, o nigeriano Rilwanu Lukman, era de que, em caso de guerra, o abastecimento mundial não correria perigo. O argumento básico era de que os países-membros da Opep têm capacidade de produção para suprir um eventual corte de produção do Iraque.
O sistema de cotas existe para manter uma política de preços que atenda aos interesses dos membros. Internamente, a grande discussão era de quem ficaria com um ""espólio" (parte dos 2 milhões de barris) iraquiano em caso de um ataque norte-americano interromper a produção no país. A Arábia Saudita, por exemplo, garantiu no Rio que pode escoar 5 milhões de barris/dia por um rota alternativa via mar Vermelho, evitando o estreito de Ormuz (no golfo Pérsico).
A Agência Internacional de Energia, cujos países participantes são membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), também já tem um plano para se prevenir de cortes de abastecimento em caso de guerra. Segundo o diretor-executivo da agência, Robert Priddle, cada país tem uma reserva correspondente a 90 dias de importação do produto para emergências. "Esse estoque oferece certa tranquilidade, mas não há como prever se será suficiente caso o conflito assuma proporções mais graves", disse.


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