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ENERGIA
Secretário contesta presidente e diz que guerra afeta comércio de óleo
Opep se confunde sobre preço de óleo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Uma eventual nova guerra no
Golfo Pérsico poderá ter consequências muito mais graves para
o abastecimento mundial de petróleo do que admitia inicialmente a Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo).
Ontem, pela primeira vez um
membro da cúpula da Opep presente ao Congresso Mundial de
Petróleo, no Rio, reconheceu que
não se pode prever o impacto de
um conflito na região tanto em relação ao abastecimento quanto
aos preços do produto.
"Nós (da Opep) temos a intenção de manter preços estáveis,
mas num cenário de guerra não é
possível predizer se haverá aumentos ou problemas de abastecimento", afirmou o venezuelano
Álvaro Silva Calderón, secretário-geral da Opep. ""Ninguém pode
garantir que os efeitos (de uma
guerra) não vão se propagar entre
outros países da região e quanto
tempo ela poderia durar."
Nos três dias iniciais do congresso, o discurso unânime da
Opep, inclusive do presidente, o
nigeriano Rilwanu Lukman, era
de que, em caso de guerra, o abastecimento mundial não correria
perigo. O argumento básico era
de que os países-membros da
Opep têm capacidade de produção para suprir um eventual corte
de produção do Iraque.
O sistema de cotas existe para
manter uma política de preços
que atenda aos interesses dos
membros. Internamente, a grande discussão era de quem ficaria
com um ""espólio" (parte dos 2
milhões de barris) iraquiano em
caso de um ataque norte-americano interromper a produção no
país. A Arábia Saudita, por exemplo, garantiu no Rio que pode escoar 5 milhões de barris/dia por
um rota alternativa via mar Vermelho, evitando o estreito de Ormuz (no golfo Pérsico).
A Agência Internacional de
Energia, cujos países participantes são membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), também já tem um plano para se prevenir de cortes de abastecimento
em caso de guerra. Segundo o diretor-executivo da agência, Robert Priddle, cada país tem uma reserva correspondente a 90 dias de importação do produto para
emergências. "Esse estoque oferece certa tranquilidade, mas não há
como prever se será suficiente caso o conflito assuma proporções
mais graves", disse.
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