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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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Faltou transparência no caso das reservas, afirmam minoritários

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Animec (Associação Nacional dos Investidores do Mercado de Capitais), que defende o interesse de acionistas minoritários, vai esperar pela apuração por parte da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) do procedimento da Petrobras em relação à revisão de suas reservas de gás natural, para definir se adotará eventuais medidas judiciais contra a estatal.
De antemão, avalia que faltou ""transparência" de parte da estatal ao divulgar a notícia.
""Por sua importância, a Petrobras precisa ter maior cuidado na veiculação de informações", diz Gregório Mancebo, vice-presidente da Animec. ""Podem alegar que houve "conference call", mas a forma não foi a mais adequada. O mercado vive de expectativas, tanto de baixa quanto de alta de determinado papel", completa.
Mancebo argumenta que fora justamente a divulgação da revisão na mídia, anteontem, que provocou a subida de 3,47% nas ações da Petrobras naquele dia.
Para o analista José Carlos Chedeak, diretor da AQM Consultoria, embora não tenha sido divulgado um fato relevante, a disponibilização da informação já existia.
""Podemos discutir se deveria ter sido divulgado um fato relevante no dia. Mesmo assim, a Petrobras não negou a informação. Estava avisado no site da empresa havia dias sobre a conferência", afirma. A "conference call" era aberta a interessados que se inscreveram com antecedência no site da empresa.
Em abril passado, a Petrobras anunciou a descoberta de um campo de gás natural estimado, à época, em 70 bilhões de m3. Na última sexta-feira de agosto, no entanto, durante uma "conference call", diretores da empresa informaram que a estimativa atual do campo é de 400 bilhões de m3 de gás. A notícia só ganharia destaque uma semana mais tarde.
Ontem, a Petrobras enviou à Bovespa resposta à consulta feita acerca da disparada das ações da empresa, na quinta-feira. Segundo a assessoria da Bovespa, todas as vezes que determinada ação tem oscilação brusca, o setor de auditoria informa a área responsável pelas relações com empresas e esta cobra esclarecimentos.
Na carta à Bovespa, cujo conteúdo é o mesmo do texto disponibilizado em seu site, a Petrobras diz que na "conference call" os diretores ""atualizaram informações que já haviam sido comunicadas anteriormente ao mercado".

Dilma
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) avalia que não houve grandes problemas na divulgação pela Petrobras da triplicação de suas reservas de gás natural com a descoberta de Santos.
"Se a Petrobras teve algum equívoco na conduta, ela vai consertar. Agora, eu não vejo muito problema nisso. Acho que há mais agitação do que qualquer coisa", disse a ministra.
"A informação que nós temos é que estava na internet, estava no site da Petrobras", afirmou. Ela lamentou, no entanto, que não houvesse sido publicado um fato relevante antes. "Vazou antes de eles publicarem fato relevante, o que é lamentável."


Colaborou a Sucursal de Brasília

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