São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Crédito depende mais da renda e do PIB

Redução da Selic foi fundamental para a expansão do crédito no país; total ao final do ano deve chegar a R$ 890 bilhões

Cadastro positivo de crédito permitirá analisar o comprometimento da renda do trabalhador com dívida e o risco de inadimplência

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução no ritmo da queda dos juros básicos terá pequeno impacto na expansão do crédito brasileiro. A redução dos juros teve um peso fundamental nos últimos anos para esse crescimento, que hoje depende mais do aumento da renda e do crescimento da economia.
Para Denis Blum, analista de crédito da consultoria Tendências, a redução no ritmo de cortes não reverterá a queda nas taxas ao consumidor, embora possa desacelerá-la. "O crescimento dependerá do quanto da renda do trabalhador poderá ser comprometida com dívidas. No caso dos aposentados, o comprometimento hoje é de 10%. Até 30% é aceitável."
Para o final do ano, o crédito brasileiro deve chegar perto de R$ 890 bilhões -35% do PIB. No ano passado, ficou em R$ 732 bilhões (30,8%). Em julho deste ano estava em R$ 813 bilhões (32,7% do PIB).
Apesar da expansão, o crédito brasileiro está longe do papel de impulsionar o crescimento de economias maduras como a dos EUA (288% do PIB), segundo o banco Merrill Lynch.
O juro Selic funciona com uma taxa mínima de captação dos bancos. Em janeiro de 2003, quando Henrique Meirelles assumiu o BC, a Selic estava em 25% ao ano, e os juros médios ao consumidor, em 54,2%. Em julho deste ano, a Selic já estava em 11,5% ao ano e a taxa ao consumidor, em 35,9%.
"Tivemos uma mudança de paradigma, mas, em relação ao PIB, temos um crédito caro e podemos crescer", disse Blum.
Já Luis Miguel Santacreu, da Austing Rating, vê o juro ao consumidor bastante alto. "Taxas mais baixas seriam ideais para consolidar a expansão."
Para Gilberto Vasconcelos, presidente da Experian, empresa que comprou a Serasa, a diferença virá com a diminuição do risco envolvido no crédito após o cadastro positivo, que terá dados sobre endividamento. "O trabalho de análise mudará completamente", disse.


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