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Expectativa é de choque fiscal duro
da Reportagem Local
O governo terá de promover um
choque fiscal bem mais convincente do que o apresentado no final do ano passado, depois que as
Bolsas de Valores despencaram
em todo o mundo. Isso significa
cortar as despesas dramaticamente e aumentar a receita.
Na sexta-feira, a expectativa da
adoção de medidas era muito
grande no mercado financeiro. E,
mesmo em Brasília, as informações eram que o governo poderia
anunciar um pacote durante o final de semana prolongado.
A adoção de medidas nessa direção já foram anunciadas pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan,
em recente viagem ao Uruguai. E
foram entendidas como uma forma de o ministro acalmar investidores estrangeiros.
Para a maioria dos economistas
entrevistados pela Folha, medidas
na área fiscal são fundamentais
para o país poder voltar a crescer
dentro de dois a três anos. E quanto antes as medidas forem anunciadas, melhor.
O choque terá de fazer com que o
dinheiro que entra nos cofres do
governo supere os gastos (descontando o pagamento de juros). Hoje o setor público tem um déficit
(incluindo os juros) de quase 8%
do PIB (Produto Interno Bruto).
O corte fiscal teria dois impactos
sobre a crise. Num primeiro momento, reduziria o consumo interno, inclusive as importações.
Isso porque o corte de gastos deve
provocar recessão econômica e,
consequentemente, reduzir o volume de dinheiro disponível para
o consumo.
Serviria, também, para sinalizar
para o mercado que o país tem intenção de ajustar suas contas, o
que os investidores costumam valorizar. Mas, se o corte das despesas terá de ser doloroso, muito
mais difícil será aumentar a arrecadação. Com a economia em recessão não será fácil aumentar a
arrecadação de impostos.
Além disso, economistas como
Mailson da Nóbrega e Antonio
Kandir repetem que só a aprovação das reformas tributária e da
Previdência poderão melhorar as
contas públicas.
"Quem estiver esperando medidas transcendentais de política
econômica pode se frustrar", afirmou Mailson. A questão, segundo
o ex-ministro, não é de falta de
vontade política, mas "um problema grave de gestão", afirma.
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