São Paulo, domingo, 6 de setembro de 1998

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Expectativa é de choque fiscal duro

da Reportagem Local

O governo terá de promover um choque fiscal bem mais convincente do que o apresentado no final do ano passado, depois que as Bolsas de Valores despencaram em todo o mundo. Isso significa cortar as despesas dramaticamente e aumentar a receita.
Na sexta-feira, a expectativa da adoção de medidas era muito grande no mercado financeiro. E, mesmo em Brasília, as informações eram que o governo poderia anunciar um pacote durante o final de semana prolongado.
A adoção de medidas nessa direção já foram anunciadas pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, em recente viagem ao Uruguai. E foram entendidas como uma forma de o ministro acalmar investidores estrangeiros.
Para a maioria dos economistas entrevistados pela Folha, medidas na área fiscal são fundamentais para o país poder voltar a crescer dentro de dois a três anos. E quanto antes as medidas forem anunciadas, melhor.
O choque terá de fazer com que o dinheiro que entra nos cofres do governo supere os gastos (descontando o pagamento de juros). Hoje o setor público tem um déficit (incluindo os juros) de quase 8% do PIB (Produto Interno Bruto).
O corte fiscal teria dois impactos sobre a crise. Num primeiro momento, reduziria o consumo interno, inclusive as importações. Isso porque o corte de gastos deve provocar recessão econômica e, consequentemente, reduzir o volume de dinheiro disponível para o consumo.
Serviria, também, para sinalizar para o mercado que o país tem intenção de ajustar suas contas, o que os investidores costumam valorizar. Mas, se o corte das despesas terá de ser doloroso, muito mais difícil será aumentar a arrecadação. Com a economia em recessão não será fácil aumentar a arrecadação de impostos.
Além disso, economistas como Mailson da Nóbrega e Antonio Kandir repetem que só a aprovação das reformas tributária e da Previdência poderão melhorar as contas públicas.
"Quem estiver esperando medidas transcendentais de política econômica pode se frustrar", afirmou Mailson. A questão, segundo o ex-ministro, não é de falta de vontade política, mas "um problema grave de gestão", afirma.



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