São Paulo, domingo, 6 de setembro de 1998

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Controle do câmbio divide economistas

da Reportagem Local

Tentar estabelecer o controle do câmbio desgastaria a credibilidade do país no exterior. A opinião é do ex-ministro Delfim Netto, para quem isso "aumentaria a desconfiança do investidor".
Com a medida, o governo estaria decidindo quem pode e quem não pode trocar seus reais por dólares.
"Lá fora, essa restrição é entendida como uma quebra de contrato", afirma Luciano Coutinho.
Na opinião do economista Aloizio Mercadante, do PT, qualquer medida traz um risco embutido. "Mas é melhor correr o risco que não fazer nada", diz ele.
Mercadante defende a liderança do Brasil na coordenação de políticas de controle cambial na América Latina, principalmente junto aos países do Mercosul.
"Uma ação coordenada fortaleceria a capacidade desses países em enfrentar a crise mundial."
Guido Mantega, que concorda com seu colega de partido, não especifica que operações deveriam sofrer controle cambial durante o período de turbulência. Fora da crise, é enfático: "Todos os capitais de curto prazo".
Luiz Gonzaga Belluzzo, outro partidário do controle cambial, considera difícil definir o momento da crise em que se deve aplicar a medida.
"O uso do controle cambial só deve começar quando for diagnosticado que não haverá chances de os investidores voltarem ao país", avalia Belluzzo.
Na opinião do economista, já seria a hora de agir.
Belluzzo começaria restringido a saída de dólares levado por turistas ao exterior. Atualmente, os brasileiros que vão visitar outros países deixam cerca de US$ 4,4 bilhões ao ano.

Controle disfarçado
No mercado, comenta-se que o governo poderia taxar as operações de câmbio no mercado flutuante. É uma forma de punir quem quer trocar reais por dólar.
Não seria um controle formal, mas poderia desestimular as operações de quem está atrás de melhor rentabilidade no exterior. Mas, para o investidor temeroso de uma crise cambial, a medida poderia ser ineficaz. (AS e SQ)



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