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Republic descarta máfia russa
MARCIO AITH
de Washington
A diretoria do Republic National Bank of New York, banco fundado por Edmond Safra, informou ontem, por meio da porta-voz da instituição, que o suposto
envolvimento da máfia russa na
morte do banqueiro "é pura especulação".
Melissa Krantz, porta-voz do
banco, disse à Folha que Safra não
vinha sofrendo ameaças e que o
envolvimento da máfia russa no
crime já teria sido refutado pela
própria polícia de Mônaco, que
investiga o caso.
"Sabemos que o chefe de polícia, questionado numa entrevista,
deu uma gargalhada e disse que
essa hipótese é absurda. As investigações estão em andamento e
não existe nenhuma indicação
nesse sentido", afirmou Melissa.
"Além disso, familiares próximos
a ele me disseram que Safra não
vinha sofrendo ameaças."
Melissa não quis comentar a colaboração de Safra na investigação de lavagem de dinheiro proveniente de atividades criminosas
russas.
Desde a segunda metade de
1998, o banco de Safra mandou fechar contas suspeitas e prestou
informações para que o FBI desvendasse uma rede de lavagem de
dinheiro sujo da Rússia por meio
de bancos dos EUA.
Parte dessa colaboração está registrada em documentos num comitê do Senado dos EUA que investigou o sistema financeiro dos
EUA, mas que teve como foco outro fato, a participação do Citigroup na lavagem de dinheiro de
Raul Salinas, irmão do ex-presidente mexicano Carlos Salinas.
Venda garantida
Melissa disse ainda que a compra dos grupos financeiros de Safra pelo banco inglês HSBC está
"caminhando conforme o cronograma" e deverá ser fechada até o
final do ano. O HSBC havia concordado em comprar os grupos
por pouco menos de US$10 bilhões. Essa transação deverá ser
analisada hoje pelo Fed (Federal
Reserve), banco central dos EUA.
Segundo um advogado especializado em direito bancário de Nova York ouvido pela Folha, uma
negociação como a que foi feita
pelo HSBC com Safra provavelmente previu o que ocorreria com
a transação na eventualidade da
morte do banqueiro. Esse advogado, que prestou serviços para o
banco de Safra, afirmou que, caso
essa previsão não conste do contrato, a venda para o HSBC certamente atrasará por questões legais. Krantz disse não saber se a
previsão constava ou não do contrato. A diretoria dos grupos financeiros de Safra sugeriu ontem
aos funcionários que prestassem,
individualmente, homenagens ao
banqueiro morto.
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