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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Objetivo é elevar poder de negociação com governo do país

Credor argentino se reúne em comitê

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Os credores estrangeiros portadores de bônus argentinos em "default" desde dezembro de 2001 decidiram criar um "comitê global" para aumentar a pressão e o poder de negociação com o governo argentino.
O Comitê Internacional de Credores pretende reunir credores individuais e institucionais dos EUA, Europa e Japão. O anúncio foi feito na reunião anual da Associação de "Traders" de Mercados Emergentes (Emta, na sigla em inglês), em Nova York, por um representante da Associação de Portadores de Bônus Argentinos (ABC, na sigla em inglês), William Hughes. Para ele, a criação do comitê significa que as negociações "começam a se encaminhar".
"A formação de um comitê global de credores com uma contraproposta crível marca o início de um diálogo real", disse Michael Chamberlain, diretor-executivo da Emta.
Presente à reunião, o secretário de Finanças argentino, Guillermo Nielsen, viu a criação do comitê com ceticismo.
"Hoje a composição do grupo de credores está diversa demais e espalhada demais por todo o mundo para criar um comitê de credores em que se possa ter uma negociação que tenha sentido", opinou Nielsen em discurso para uma audiência de mais de 300 representantes de Wall Street.
Segundo analistas, o maior problema do comitê vai ser conseguir adesão a uma única proposta de reestruturação.
Credores italianos e alemães, por exemplo, não aderiram à contraproposta feita pelos demais grupos nesta semana, em reunião com Nielsen, por adotarem um posicionamento contrário a qualquer tipo de desconto no valor nominal da dívida.
A alternativa apresentada pelos credores ao secretário de Finanças prevê a renegociação de US$ 106,7 bilhões -incluindo no valor total US$ 18,7 bilhões referentes a juros acumulados desde o "default". Os juros estão excluídos da proposta do governo argentino, que se propõe a reestruturar US$ 88 bilhões.
Pedem também um pagamento inicial, em dinheiro, equivalente a 5% dos juros atrasados. O desconto no valor nominal da dívida seria de 35% -contra os 75% previstos na proposta do governo.
Nielsen não se posicionou oficialmente sobre a contraproposta. Apenas reiterou que a proposta final do governo argentino será anunciada no início de 2004.


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