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VIZINHO EM CRISE
Objetivo é elevar poder de negociação com governo do país
Credor argentino se reúne em comitê
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Os credores estrangeiros portadores de bônus argentinos em
"default" desde dezembro de 2001
decidiram criar um "comitê global" para aumentar a pressão e o
poder de negociação com o governo argentino.
O Comitê Internacional de Credores pretende reunir credores
individuais e institucionais dos
EUA, Europa e Japão. O anúncio
foi feito na reunião anual da Associação de "Traders" de Mercados
Emergentes (Emta, na sigla em
inglês), em Nova York, por um representante da Associação de
Portadores de Bônus Argentinos
(ABC, na sigla em inglês), William
Hughes. Para ele, a criação do comitê significa que as negociações
"começam a se encaminhar".
"A formação de um comitê global de credores com uma contraproposta crível marca o início de
um diálogo real", disse Michael
Chamberlain, diretor-executivo
da Emta.
Presente à reunião, o secretário
de Finanças argentino, Guillermo
Nielsen, viu a criação do comitê
com ceticismo.
"Hoje a composição do grupo
de credores está diversa demais e
espalhada demais por todo o
mundo para criar um comitê de
credores em que se possa ter uma
negociação que tenha sentido",
opinou Nielsen em discurso para
uma audiência de mais de 300 representantes de Wall Street.
Segundo analistas, o maior problema do comitê vai ser conseguir
adesão a uma única proposta de
reestruturação.
Credores italianos e alemães,
por exemplo, não aderiram à contraproposta feita pelos demais
grupos nesta semana, em reunião
com Nielsen, por adotarem um
posicionamento contrário a qualquer tipo de desconto no valor
nominal da dívida.
A alternativa apresentada pelos
credores ao secretário de Finanças prevê a renegociação de US$
106,7 bilhões -incluindo no valor total US$ 18,7 bilhões referentes a juros acumulados desde o
"default". Os juros estão excluídos da proposta do governo argentino, que se propõe a reestruturar US$ 88 bilhões.
Pedem também um pagamento
inicial, em dinheiro, equivalente a
5% dos juros atrasados. O desconto no valor nominal da dívida
seria de 35% -contra os 75%
previstos na proposta do governo.
Nielsen não se posicionou oficialmente sobre a contraproposta. Apenas reiterou que a proposta final do governo argentino será
anunciada no início de 2004.
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