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ANO DO DRAGÃO
Em 11 meses, taxa soma 8,74%, diz o IBGE; 8,50% serão atingidos só se houver deflação de 0,21% neste mês
Inflação até novembro já supera meta do BC
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) ficou em
0,34% em novembro, pouco acima do 0,29% de outubro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
No acumulado do ano, a inflação ficou, pela primeira vez, acima da meta do BC (Banco Central), de 8,50% para este ano. A taxa acumula alta de 8,74%.
A menos que haja forte deflação
neste mês -de 0,21%, segundo
cálculo do Grupo de Conjuntura
da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro)-, a meta de
inflação de 2003 já foi estourada.
Não é, porém, um problema, segundo avaliação de especialistas
ouvidos pela Folha. Isso porque a
inflação está em trajetória firme
de queda desde o final do primeiro semestre, convergindo para a
meta de 2004. O ano de 2003 começou com taxas bem maiores
-em janeiro, o IPCA ficou em
2,25%, embalado ainda pela crise
cambial de 2002.
Em novembro, os principais
impactos de aumento foram os
reajustes dos ônibus urbanos no
Rio e das loterias da Caixa Econômica Federal. Cada um contribuiu com 0,05 ponto percentual
na inflação do mês. Pressionaram
para baixo as menores variações
dos alimentos -especialmente
do frango- e a queda dos preços
dos combustíveis.
Para Marcela Prada, da Tendências Consultoria, a inflação do
mês ficou "muito perto" das projeções. "A inflação está sob controle, com os preços tendo variações pequenas", afirmou.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, gerente da Coordenação de
Índices de Preços do IBGE, o desaquecimento do consumo é um
dos motivos para o controle da inflação nos últimos meses do ano.
"A demanda enfraquecida por
causa da renda em queda teve influência generalizada para puxar
as taxas de inflação para baixo
neste ano", disse.
Segundo a gerente, a estabilidade do dólar fez a inflação cair a
partir de junho, mantendo taxas
reduzidas por todo o segundo semestre.
Para Carlos Thadeu de Freitas
Filho, da UFRJ, pela primeira vez
neste ano a inflação dos preços livres (aqueles sujeitos à política
monetária) convergiu para a meta
de 2004: teve alta de 5,5% em 12
meses. Esse percentual é o ponto
central da meta de 2004, que pode
oscilar dois pontos para cima ou
para baixo.
"A meta de 2004 está mais factível com o cenário de estabilidade
cambial", disse Marcelo Cypriano, do BankBoston.
Tarifas
No acumulado do ano até novembro, o item ônibus urbano
também foi o que mais pesou na
inflação, com impacto de 0,91
ponto. Da inflação no ano, 3,53
pontos percentuais vieram de
preços administrados e tarifas públicas, diz o IBGE. Os alimentos
tiveram peso menor: 1,69 ponto.
Em 2003, dois grupos impediram uma alta ainda maior da inflação: alimentos e combustíveis.
A gasolina subiu bem menos do
que a inflação, com aumento de
apenas 0,89% no ano.
Credibilidade
Na visão de Freitas Filho, ao não
cumprir a meta, o Banco Central
fica com a credibilidade arranhada e, com isso, perde força no
combate à inflação. "O grande ganho do Banco Central é que as
pessoas acreditem que ele vai reagir aos choques. Para isso, é preciso que ele tenha credibilidade."
Já Marcela Prada diz que o não-cumprimento da meta reflete
uma questão pontual e não afeta a
imagem do Banco Central.
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