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POLÍTICA MONETÁRIA
Ministro afirma que governo avalia e Banco Central decide taxa
Não palpito sobre juro, diz Dirceu
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após ter defendido taxas de juros reais (descontada a
inflação) na economia entre 6% e
8% e dito que a taxa básica baixaria de novo neste mês, o ministro
José Dirceu (Casa Civil) afirmou
ontem que não é "palpiteiro" para
opinar sobre uma eventual nova
redução da Selic.
"Quem decide a taxa de juros é o
Banco Central, não o governo.
Nós, do governo, fazemos a avaliação política", declarou o ministro. Nos próximos dias 16 e 17, o
Copom (Comitê de Política Monetária) decide se haverá alterações nas taxas de juros básicas da
economia, que são hoje de 17,5%.
Dirceu esteve em Campinas para a cerimônia de transferência de
áreas da rede ferroviária local para o município. Procurou, a todo
momento, mostrar que as decisões sobre as taxas de juros são
técnicas, e não políticas.
"Quem decide é o Banco Central. O governo não interfere", repetia o ministro, ao ser contestado sobre o patamar em que a taxa
básica deve se situar após a reunião do Copom deste mês.
Após elevar a taxa de juros no
início do ano para 26,5%, o BC
promoveu seis cortes na Selic. O
último corte, de 1,5 ponto percentual, foi no mês passado.
De acordo com Dirceu, para a
economia crescer, os juros têm de
ser "compatíveis com o desenvolvimento" do setor produtivo nacional. Não arriscou, dessa vez,
dizer qual a taxa ideal.
"Não defendo taxa nenhuma.
Não dou palpite porque não tenho cara de palpiteiro. O Brasil
tem que trabalhar para reduzir o
juro." Disse, entretanto, que, "se o
juro é maior que o lucro do setor
produtivo, há uma concorrência"
prejudicial ao crescimento.
"Vamos reduzir o juro real, que
já passou para menos de 10%. Era
uma mudança que ninguém sonhava", declarou.
O grande problema, disse o ministro, é o que fazer com a dívida
interna. Apesar de criticar os juros altos e defender a trajetória de
queda (em novembro eles estavam em 19%), Dirceu declarou
que o governo não questiona o
pagamento da dívida. "Os juros
da dívida precisam ser pagos.
Qual o desafio? É não ter pressa."
Cem anos de atraso
O ministro participou ainda de
almoço com mais de 200 empresários da região. Para a platéia,
afirmou que "estamos [os brasileiros] cem anos atrasados". Disse
que o motivo do atraso foram decisões políticas do passado.
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