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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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POLÍTICA MONETÁRIA

Ministro afirma que governo avalia e Banco Central decide taxa

Não palpito sobre juro, diz Dirceu

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após ter defendido taxas de juros reais (descontada a inflação) na economia entre 6% e 8% e dito que a taxa básica baixaria de novo neste mês, o ministro José Dirceu (Casa Civil) afirmou ontem que não é "palpiteiro" para opinar sobre uma eventual nova redução da Selic.
"Quem decide a taxa de juros é o Banco Central, não o governo. Nós, do governo, fazemos a avaliação política", declarou o ministro. Nos próximos dias 16 e 17, o Copom (Comitê de Política Monetária) decide se haverá alterações nas taxas de juros básicas da economia, que são hoje de 17,5%.
Dirceu esteve em Campinas para a cerimônia de transferência de áreas da rede ferroviária local para o município. Procurou, a todo momento, mostrar que as decisões sobre as taxas de juros são técnicas, e não políticas.
"Quem decide é o Banco Central. O governo não interfere", repetia o ministro, ao ser contestado sobre o patamar em que a taxa básica deve se situar após a reunião do Copom deste mês.
Após elevar a taxa de juros no início do ano para 26,5%, o BC promoveu seis cortes na Selic. O último corte, de 1,5 ponto percentual, foi no mês passado.
De acordo com Dirceu, para a economia crescer, os juros têm de ser "compatíveis com o desenvolvimento" do setor produtivo nacional. Não arriscou, dessa vez, dizer qual a taxa ideal.
"Não defendo taxa nenhuma. Não dou palpite porque não tenho cara de palpiteiro. O Brasil tem que trabalhar para reduzir o juro." Disse, entretanto, que, "se o juro é maior que o lucro do setor produtivo, há uma concorrência" prejudicial ao crescimento.
"Vamos reduzir o juro real, que já passou para menos de 10%. Era uma mudança que ninguém sonhava", declarou.
O grande problema, disse o ministro, é o que fazer com a dívida interna. Apesar de criticar os juros altos e defender a trajetória de queda (em novembro eles estavam em 19%), Dirceu declarou que o governo não questiona o pagamento da dívida. "Os juros da dívida precisam ser pagos. Qual o desafio? É não ter pressa."

Cem anos de atraso
O ministro participou ainda de almoço com mais de 200 empresários da região. Para a platéia, afirmou que "estamos [os brasileiros] cem anos atrasados". Disse que o motivo do atraso foram decisões políticas do passado.


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