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RECEITA ORTODOXA
Presidente já vê retomada e rejeita "embarcar em aventura"
Governo quer evitar "bolha" de crescimento, diz Lula
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem que não vai
embarcar em nenhuma "aventura descabida" porque está ciente
do "peso" que carrega em seus
"ombros". Ele disse também que
não há um "Plano Lula" ou um
"Plano Palocci" e afirmou que fará todo o esforço para que o crescimento da economia -já em
curso, segundo ele- não se
transforme em uma "bolha".
"Vocês irão perceber que nós
somos a primeira experiência no
Brasil que está levando este país a
uma estabilidade sem inventar
nenhum plano econômico. Não
existe um Plano Lula, um Plano
Palocci, um Plano Rigotto ou um
Plano Tarso Genro. O que há, na
verdade, é o compromisso da seriedade com a coisa pública", afirmou Lula, durante evento no Palácio do Planalto.
Ao lembrar que, nas últimas décadas, o Brasil se "habituou" a
conviver com a inflação, Lula falou que faltou seriedade nos planos econômicos adotados no
país.
"Alguns duraram meses, outros
duraram anos, mas nenhum se
sustentou porque foram criados
de afogadilho, como se fossem tábua de salvação para um ingrediente que faltava na política brasileira, que era a seriedade, não
apenas de um mandato de quatro
anos, mas a seriedade com um
modelo de desenvolvimento sustentável que deva perdurar por algumas gerações", disse.
"Faremos todo o esforço que estiver ao nosso alcance para, com a
maior seriedade do mundo, fazer
com que o crescimento econômico que nós queremos -e que já
começou desde o final do ano
passado no Brasil- não seja uma
bolha de crescimento", afirmou,
pela manhã, na sala de audiência
do Palácio do Planalto.
Dirigindo sua palavra diretamente ao presidente mundial da
General Motors, o norte-americano Richard Wagoner, que anteontem havia anunciado investimento de US$ 240 milhões na fábrica de Gravataí (RS), o presidente da República disse que cuidará dos "brasileiros" como cuida de um "filho".
Sem aventura descabida
"Eu tenho quatro anos de mandato e sei o que pesa no meu ombro, se não fizer as coisas que eu
acredito. E eu não quero fazer nenhuma aventura descabida. Há
milhões de brasileiros passando
necessidades, e nós temos a responsabilidade de cuidar deles como se estivéssemos cuidando de
nossos filhos."
E prosseguiu o discurso improvisado: "E isso só será possível se a
gente fizer a economia crescer, se
a gente gerar emprego e distribuir
renda, porque com políticas paliativas a gente não resolve os problemas da economia de um país".
Ao lado de diretores mundiais e
brasileiros da General Motors, deputados e senadores gaúchos, o
governador do Rio Grande do Sul,
Germano Rigotto (PMDB), e os
ministros Tarso Genro (Educação) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) acompanharam
o discurso do presidente no Palácio do Planalto.
Apesar de ter decidido cortar R$
4 bilhões no Orçamento deste
ano, Lula também disse que estava farto de "políticas paliativas",
que não resolvem os problemas
de crescimento da economia de
um país. No início da semana, ele
já havia atrelado um eventual incremento nas verbas destinadas
às políticas sociais ao crescimento
econômico.
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