São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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RECEITA ORTODOXA

Presidente já vê retomada e rejeita "embarcar em aventura"

Governo quer evitar "bolha" de crescimento, diz Lula

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não vai embarcar em nenhuma "aventura descabida" porque está ciente do "peso" que carrega em seus "ombros". Ele disse também que não há um "Plano Lula" ou um "Plano Palocci" e afirmou que fará todo o esforço para que o crescimento da economia -já em curso, segundo ele- não se transforme em uma "bolha".
"Vocês irão perceber que nós somos a primeira experiência no Brasil que está levando este país a uma estabilidade sem inventar nenhum plano econômico. Não existe um Plano Lula, um Plano Palocci, um Plano Rigotto ou um Plano Tarso Genro. O que há, na verdade, é o compromisso da seriedade com a coisa pública", afirmou Lula, durante evento no Palácio do Planalto.
Ao lembrar que, nas últimas décadas, o Brasil se "habituou" a conviver com a inflação, Lula falou que faltou seriedade nos planos econômicos adotados no país.
"Alguns duraram meses, outros duraram anos, mas nenhum se sustentou porque foram criados de afogadilho, como se fossem tábua de salvação para um ingrediente que faltava na política brasileira, que era a seriedade, não apenas de um mandato de quatro anos, mas a seriedade com um modelo de desenvolvimento sustentável que deva perdurar por algumas gerações", disse.
"Faremos todo o esforço que estiver ao nosso alcance para, com a maior seriedade do mundo, fazer com que o crescimento econômico que nós queremos -e que já começou desde o final do ano passado no Brasil- não seja uma bolha de crescimento", afirmou, pela manhã, na sala de audiência do Palácio do Planalto.
Dirigindo sua palavra diretamente ao presidente mundial da General Motors, o norte-americano Richard Wagoner, que anteontem havia anunciado investimento de US$ 240 milhões na fábrica de Gravataí (RS), o presidente da República disse que cuidará dos "brasileiros" como cuida de um "filho".

Sem aventura descabida
"Eu tenho quatro anos de mandato e sei o que pesa no meu ombro, se não fizer as coisas que eu acredito. E eu não quero fazer nenhuma aventura descabida. Há milhões de brasileiros passando necessidades, e nós temos a responsabilidade de cuidar deles como se estivéssemos cuidando de nossos filhos."
E prosseguiu o discurso improvisado: "E isso só será possível se a gente fizer a economia crescer, se a gente gerar emprego e distribuir renda, porque com políticas paliativas a gente não resolve os problemas da economia de um país".
Ao lado de diretores mundiais e brasileiros da General Motors, deputados e senadores gaúchos, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), e os ministros Tarso Genro (Educação) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) acompanharam o discurso do presidente no Palácio do Planalto.
Apesar de ter decidido cortar R$ 4 bilhões no Orçamento deste ano, Lula também disse que estava farto de "políticas paliativas", que não resolvem os problemas de crescimento da economia de um país. No início da semana, ele já havia atrelado um eventual incremento nas verbas destinadas às políticas sociais ao crescimento econômico.


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