São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

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Alimento e ônibus elevam IPCA em janeiro

Índice fecha mês em 0,48%, ante 0,28% em dezembro; para IBGE, aumentos são pontuais e não há risco de inflação sair do controle

Especialistas afirmam que cenário para novas altas de juros está mantido; eletrodomésticos começam a sofrer efeito do dólar

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionado por alimentos e reajustes de ônibus, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) se acelerou em janeiro e fechou em 0,48% -ante 0,28% de dezembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O índice superou as expectativas de analistas, que projetavam a taxa entre 0,35% e 0,40% em janeiro. Apesar do repique, avaliam que a inflação está sob controle e que deve declinar. Tal cenário, dizem, abre espaço para um corte de um ponto percentual na taxa básica de juro -hoje em 12,75% ao ano- na próxima reunião do Copom, em março.
Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, os aumentos são "localizados" e atingem itens que sofrem pressões sazonais. É o caso do reajuste médio de 3,24% dos ônibus urbanos, historicamente concentrado em janeiro.
Outro exemplo, diz, é o do grupo alimentação, que subiu de 0,36% em dezembro para 0,75%. A alta foi provocada por aumentos de produtos como frutas (2,98%), batata (15,01%) e cenoura (18,24%), que costumam subir no começo do ano por conta das chuvas. Já o feijão-carioca avançou 3,47% graças à estiagem no Paraná, principal Estado produtor.
"A maioria dos grupos subiu, mas os aumentos foram localizados em poucos itens e influenciados por questões sazonais. Não há uma alta generalizada", diz Nunes dos Santos.
É um cenário, afirma, diferente do registrado no primeiro semestre de 2008, quando os alimentos subiram na esteira da alta das commodities.
Sob o impacto dos alimentos, o IPCA teve alta de 0,54% em janeiro de 2008. Como em janeiro deste ano a inflação foi menor, a taxa acumulada em 12 meses cedeu de 5,90% em dezembro para 5,84% em janeiro.
Para Francis Kinder, da Rosenberg e Associados, o recuo da variação em 12 meses mostra que a inflação tende a convergir para a meta de 4,5% neste ano, o que permite uma redução da taxa de juro.
Segundo o economista, a inflação se manterá pressionada em fevereiro por causa do reajuste das mensalidades escolares. Ele projeta uma taxa de 0,60%. Mas o índice, diz, deve cair já a partir de março.

Câmbio
Pressionado pela crise, o câmbio já começa a mostrar sinais sobre a inflação. Em janeiro, os eletrodomésticos subiram 0,77%, e os artigos de TV e som, 0,48%, na esteira da alta do dólar, segundo o IBGE.
Nunes dos Santos, do IBGE, diz que esses itens dependem de componentes importados, reajustados com base na alta do dólar. Até dezembro, essa pressão, diz, não havia sido notada.
Para Nunes dos Santos, os varejistas fizeram promoções de final de ano para estimular o consumo, o que evitou o repasse do aumento de custo dos componentes importados, sentido agora em janeiro.
O IBGE constatou ainda a influência do dólar mais alto no preço dos remédios, que subiram 0,61% em janeiro.
Outro indicador, o IGP-DI, passou de uma deflação de 0,44% em dezembro para uma ligeira alta de 0,01% em janeiro, segundo a FGV. Houve quedas menores no atacado e uma maior pressão no varejo.


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