|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alimento e ônibus elevam IPCA em janeiro
Índice fecha mês em 0,48%, ante 0,28% em dezembro; para IBGE, aumentos são pontuais e não há risco de inflação sair do controle
Especialistas afirmam
que cenário para novas altas
de juros está mantido;
eletrodomésticos começam
a sofrer efeito do dólar
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Pressionado por alimentos e
reajustes de ônibus, o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) se acelerou em janeiro e fechou em 0,48% -ante
0,28% de dezembro, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
O índice superou as expectativas de analistas, que projetavam a taxa entre 0,35% e 0,40%
em janeiro. Apesar do repique,
avaliam que a inflação está sob
controle e que deve declinar.
Tal cenário, dizem, abre espaço
para um corte de um ponto percentual na taxa básica de juro
-hoje em 12,75% ao ano- na
próxima reunião do Copom,
em março.
Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices
de Preços do IBGE, os aumentos são "localizados" e atingem
itens que sofrem pressões sazonais. É o caso do reajuste médio
de 3,24% dos ônibus urbanos,
historicamente concentrado
em janeiro.
Outro exemplo, diz, é o do
grupo alimentação, que subiu
de 0,36% em dezembro para
0,75%. A alta foi provocada por
aumentos de produtos como
frutas (2,98%), batata (15,01%)
e cenoura (18,24%), que costumam subir no começo do ano
por conta das chuvas. Já o feijão-carioca avançou 3,47% graças à estiagem no Paraná, principal Estado produtor.
"A maioria dos grupos subiu,
mas os aumentos foram localizados em poucos itens e influenciados por questões sazonais. Não há uma alta generalizada", diz Nunes dos Santos.
É um cenário, afirma, diferente do registrado no primeiro
semestre de 2008, quando os
alimentos subiram na esteira
da alta das commodities.
Sob o impacto dos alimentos,
o IPCA teve alta de 0,54% em
janeiro de 2008. Como em janeiro deste ano a inflação foi
menor, a taxa acumulada em 12
meses cedeu de 5,90% em dezembro para 5,84% em janeiro.
Para Francis Kinder, da Rosenberg e Associados, o recuo
da variação em 12 meses mostra que a inflação tende a convergir para a meta de 4,5% neste ano, o que permite uma redução da taxa de juro.
Segundo o economista, a inflação se manterá pressionada
em fevereiro por causa do reajuste das mensalidades escolares. Ele projeta uma taxa de
0,60%. Mas o índice, diz, deve
cair já a partir de março.
Câmbio
Pressionado pela crise, o
câmbio já começa a mostrar sinais sobre a inflação. Em janeiro, os eletrodomésticos subiram 0,77%, e os artigos de TV e
som, 0,48%, na esteira da alta
do dólar, segundo o IBGE.
Nunes dos Santos, do IBGE,
diz que esses itens dependem
de componentes importados,
reajustados com base na alta do
dólar. Até dezembro, essa pressão, diz, não havia sido notada.
Para Nunes dos Santos, os
varejistas fizeram promoções
de final de ano para estimular o
consumo, o que evitou o repasse do aumento de custo dos
componentes importados, sentido agora em janeiro.
O IBGE constatou ainda a influência do dólar mais alto no
preço dos remédios, que subiram 0,61% em janeiro.
Outro indicador, o IGP-DI,
passou de uma deflação de
0,44% em dezembro para uma
ligeira alta de 0,01% em janeiro,
segundo a FGV. Houve quedas
menores no atacado e uma
maior pressão no varejo.
Texto Anterior: Economista Albert Fishlow estreia amanhã coluna na Folha Próximo Texto: Caixa reduz juros para empresas e pessoa física Índice
|