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Rentabilidade de tele celular será menor, dizem analistas
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
As operadoras de telefonia
celular entraram em uma nova
fase. Com os pesados investimentos em infra-estrutura para construir redes de segunda e
terceira geração (3G), elas sacrificarão sua rentabilidade.
É o que afirmam os analistas
consultados pela Folha, com
base nos balanços consolidados de 2007 das quatro maiores operadoras: Claro, TIM, Vivo e Oi. Apesar do impacto, essas companhias sofrerão menos do que na década passada,
quando ocorreu a privatização
do setor. Desta vez, a base estimada de clientes deverá crescer até 30%, rompendo a marca de 150 milhões de linhas.
"A margem Ebitda [lucro antes do pagamento de impostos,
taxas de depreciação e amortização] não deverá ficar abaixo
dos 20%", afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria
Teleco. "Após a privatização,
algumas empresas chegaram a
ter margens Ebitda de 10%,
mas elas estavam instalando
suas redes do zero."
Para Tude, a Vivo é um
exemplo. Em 2006, a empresa
migrou para a tecnologia GSM
e investiu na construção de
uma rede nova. Saiu de uma
margem Ebitda de 29,6%, no
quarto trimestre de 2006, para
21,0%, no segundo trimestre de
2007, e subiu para 26,9%, no
último trimestre de 2007.
"Sem esse investimento, talvez
ela não estivesse na posição
atual," diz Tude.
"A Oi deverá ser a companhia mais afetada. Além de pagar pelas licenças da 3G, ela terá de construir uma rede totalmente nova em São Paulo",
afirma Tude. A Oi deverá iniciar sua operação em São Paulo
no segundo semestre de 2008.
Investir para sobreviver
Segundo Vinícius Caetano,
analista do IDC (International
Data Corporation), a chegada
da Oi a São Paulo e o início dos
serviços 3G vão acirrar a competição. "As companhias terão
estratégias para evitar a perda
de clientes", afirma.
Segundo Caetano, os balanços indicam que as operadoras
estão se capitalizando para essa
disputa. Segundo Roberto Lima, presidente da Vivo, a operadora se reposicionou para ter
caixa suficiente e honrar seus
compromissos, como o pagamento das licenças 3G. "Nosso
prejuízo é reflexo dessa realidade", afirma. "A empresa está
comprometida em manter sua
liderança e rentabilidade."
O presidente da TIM, Mario
Cesar Araujo, afirmou que, ao
contrário do que dizem os analistas de mercado, a companhia
não diminuirá seu Ebitda para
fazer investimentos. Por isso,
foi fechada uma linha de crédito de R$ 480 milhões com instituições brasileiras e um contrato de 8 milhões com a matriz,
a Telecom Italia, para consultoria e prestação de serviços,
com validade anual.
Embora a Claro não revele o
resultado líquido, seu Ebit (lucro antes do pagamento de juros e outras despesas financeiras) também caiu. Segundo a
Teleco, ele era de R$ 168 milhões, no primeiro trimestre de
2007, e fechou o ano com prejuízo de R$ 20 milhões.
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