São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Rentabilidade de tele celular será menor, dizem analistas

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

As operadoras de telefonia celular entraram em uma nova fase. Com os pesados investimentos em infra-estrutura para construir redes de segunda e terceira geração (3G), elas sacrificarão sua rentabilidade.
É o que afirmam os analistas consultados pela Folha, com base nos balanços consolidados de 2007 das quatro maiores operadoras: Claro, TIM, Vivo e Oi. Apesar do impacto, essas companhias sofrerão menos do que na década passada, quando ocorreu a privatização do setor. Desta vez, a base estimada de clientes deverá crescer até 30%, rompendo a marca de 150 milhões de linhas.
"A margem Ebitda [lucro antes do pagamento de impostos, taxas de depreciação e amortização] não deverá ficar abaixo dos 20%", afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. "Após a privatização, algumas empresas chegaram a ter margens Ebitda de 10%, mas elas estavam instalando suas redes do zero."
Para Tude, a Vivo é um exemplo. Em 2006, a empresa migrou para a tecnologia GSM e investiu na construção de uma rede nova. Saiu de uma margem Ebitda de 29,6%, no quarto trimestre de 2006, para 21,0%, no segundo trimestre de 2007, e subiu para 26,9%, no último trimestre de 2007. "Sem esse investimento, talvez ela não estivesse na posição atual," diz Tude.
"A Oi deverá ser a companhia mais afetada. Além de pagar pelas licenças da 3G, ela terá de construir uma rede totalmente nova em São Paulo", afirma Tude. A Oi deverá iniciar sua operação em São Paulo no segundo semestre de 2008.

Investir para sobreviver
Segundo Vinícius Caetano, analista do IDC (International Data Corporation), a chegada da Oi a São Paulo e o início dos serviços 3G vão acirrar a competição. "As companhias terão estratégias para evitar a perda de clientes", afirma.
Segundo Caetano, os balanços indicam que as operadoras estão se capitalizando para essa disputa. Segundo Roberto Lima, presidente da Vivo, a operadora se reposicionou para ter caixa suficiente e honrar seus compromissos, como o pagamento das licenças 3G. "Nosso prejuízo é reflexo dessa realidade", afirma. "A empresa está comprometida em manter sua liderança e rentabilidade."
O presidente da TIM, Mario Cesar Araujo, afirmou que, ao contrário do que dizem os analistas de mercado, a companhia não diminuirá seu Ebitda para fazer investimentos. Por isso, foi fechada uma linha de crédito de R$ 480 milhões com instituições brasileiras e um contrato de 8 milhões com a matriz, a Telecom Italia, para consultoria e prestação de serviços, com validade anual.
Embora a Claro não revele o resultado líquido, seu Ebit (lucro antes do pagamento de juros e outras despesas financeiras) também caiu. Segundo a Teleco, ele era de R$ 168 milhões, no primeiro trimestre de 2007, e fechou o ano com prejuízo de R$ 20 milhões.


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