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PETRÓLEO
Presidente surpreende até assessores com declaração; Brasil e Venezuela fecham acordo na área petrolífera
FHC diz que Brasil pode entrar na Opep
enviada especial a Caracas
O presidente Fernando Henrique Cardoso surpreendeu a própria comitiva brasileira, ontem,
ao anunciar que a intenção brasileira é vir a integrar a Opep (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo). Também ontem, em
Caracas, Petrobras e sua equivalente venezuelana, a PDVESA, assinaram acordo de trabalho conjunto.
"O Brasil aspira um dia a ser
membro da Opep", declarou
FHC, dizendo que o país produz
hoje 1,2 milhão de barris de petróleo por dia e poderá estar exportando o produto em dez anos.
Ele já aceitou, inclusive, o convite do presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, para participar ou
no mínimo mandar representante brasileiro para a próxima reunião dos chefes de Estado da
Opep. Tal reunião será em Caracas, em setembro.
Enquanto FHC e Chávez conversavam a sós por mais de uma
hora na residência oficial "La Casona", em outra sala o ministro de
Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, e o presidente da Petrobras, Henry Philippe Reischstul,
reuniam-se com seus congêneres.
No final, anunciaram que Petrobras e PDVESA abrirão um escritório conjunto no Rio de Janeiro e outro em Caracas e já começarão a analisar um logotipo comum para o acordo entre as duas
empresas. A PDVESA também é
estatal e tem papel importante na
economia venezuelana.
Cauteloso, FHC tinha dito em
entrevista coletiva que a Petroamérica -fusão da Petrobras com
a PDVESA- "é um velho sonho,
mas é muito mais complexo do
que está sendo discutido agora".
Mais tarde, Chávez anunciou
que a PDVESA pretende instalar
de 600 a 1.800 postos de distribuição no Brasil.
O embaixador do Brasil em Caracas, Rui Nogueira, resumiu a essência do acordo mais imediato.
A idéia, segundo ele, é a PDVESA
explorar postos especialmente no
Norte e no Nordeste enquanto a
Petrobras conquistaria o precioso
direito de explorar petróleo na
Venezuela.
Pródigo em elogios à Venezuela, FHC disse que se empenhará
decisivamente para integrar o
país ao Mercosul, quando assumir a presidência pro-tempore do
bloco, por dois anos, a partir de
junho/julho.
Nas relações bilaterais, FHC defendeu os financiamentos do
BNDES a serviços, produtos e insumos de empresas brasileiras
que tenham projetos na Venezuela. A principal beneficiária é a
construtora Norberto Odebrecht
que, por exemplo, ganhou a concorrência para uma nova linha do
metrô de Caracas e a construção
de uma ponte ligando o rio Orinoco, na Venezuela, com o lado
brasileiro do Amazonas.
(ELIANE CANTANHÊDE)
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