São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2000


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PETRÓLEO

Presidente surpreende até assessores com declaração; Brasil e Venezuela fecham acordo na área petrolífera

FHC diz que Brasil pode entrar na Opep

enviada especial a Caracas

O presidente Fernando Henrique Cardoso surpreendeu a própria comitiva brasileira, ontem, ao anunciar que a intenção brasileira é vir a integrar a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Também ontem, em Caracas, Petrobras e sua equivalente venezuelana, a PDVESA, assinaram acordo de trabalho conjunto.
"O Brasil aspira um dia a ser membro da Opep", declarou FHC, dizendo que o país produz hoje 1,2 milhão de barris de petróleo por dia e poderá estar exportando o produto em dez anos.
Ele já aceitou, inclusive, o convite do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para participar ou no mínimo mandar representante brasileiro para a próxima reunião dos chefes de Estado da Opep. Tal reunião será em Caracas, em setembro.
Enquanto FHC e Chávez conversavam a sós por mais de uma hora na residência oficial "La Casona", em outra sala o ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, e o presidente da Petrobras, Henry Philippe Reischstul, reuniam-se com seus congêneres.
No final, anunciaram que Petrobras e PDVESA abrirão um escritório conjunto no Rio de Janeiro e outro em Caracas e já começarão a analisar um logotipo comum para o acordo entre as duas empresas. A PDVESA também é estatal e tem papel importante na economia venezuelana.
Cauteloso, FHC tinha dito em entrevista coletiva que a Petroamérica -fusão da Petrobras com a PDVESA- "é um velho sonho, mas é muito mais complexo do que está sendo discutido agora".
Mais tarde, Chávez anunciou que a PDVESA pretende instalar de 600 a 1.800 postos de distribuição no Brasil.
O embaixador do Brasil em Caracas, Rui Nogueira, resumiu a essência do acordo mais imediato. A idéia, segundo ele, é a PDVESA explorar postos especialmente no Norte e no Nordeste enquanto a Petrobras conquistaria o precioso direito de explorar petróleo na Venezuela.
Pródigo em elogios à Venezuela, FHC disse que se empenhará decisivamente para integrar o país ao Mercosul, quando assumir a presidência pro-tempore do bloco, por dois anos, a partir de junho/julho.
Nas relações bilaterais, FHC defendeu os financiamentos do BNDES a serviços, produtos e insumos de empresas brasileiras que tenham projetos na Venezuela. A principal beneficiária é a construtora Norberto Odebrecht que, por exemplo, ganhou a concorrência para uma nova linha do metrô de Caracas e a construção de uma ponte ligando o rio Orinoco, na Venezuela, com o lado brasileiro do Amazonas.
(ELIANE CANTANHÊDE)



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