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DIAS DE TENSÃO
Consumidores e empresas dos EUA já estão em condições de suportar a elevação, segundo presidente do Fed
Alta nos juros está à frente, diz Greenspan
DA REDAÇÃO
O presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, voltou a sinalizar ontem que a elevação da taxa
de juros nos EUA está próxima.
Em discurso ao setor bancário, ele
afirmou que os consumidores e as
empresas americanas já estão em
condições de suportar financeiramente um aumento dos juros.
"Mesmo que as taxas de juros
tenham que subir mais à frente, as
conseqüências nos gastos das famílias serão aliviadas porque 80%
da dívida é prefixada, com diversos vencimentos, e levará tempo
até que as dívidas vençam e reflitam as taxas maiores", afirmou.
Greenspan disse ainda que as
empresas fortaleceram seus balanços e que, mesmo com juros
maiores, o mercado imobiliário
não deverá quebrar.
A menção ao mercado imobiliário se deve ao fato de muitos analistas afirmarem que existe uma
valorização dos imóveis no país,
uma "bolha" que estaria sendo inflada pela atual taxa de juros, que
é de 1% ao ano desde junho de
2003 e a menor em 46 anos.
Greenspan afirmou que, embora a alta dos aluguéis não acompanhe a dos imóveis, o que sugere
um "desalinhamento de preços",
uma implosão é improvável.
Em relação às empresas, ele disse que "a relação dívida/ativos está dentro de patamares históricos" e que a permanência dos juros de longo prazo em níveis baixos permitiu às corporações alongar os vencimentos de títulos.
As declarações de Greenspan
ocorreram apenas dois dias após
o Fed afirmar que poderá começar a aumentar os juros de maneira "moderada".
Na terça-feira, dia em que manteve o juro em 1% ao ano, o banco
ainda deixou de afirmar que terá
"paciência" para mexer na política monetária, termo que utilizava
desde 2003 para tratar de uma
possível alta.
Segundo analistas, as manifestações de Greenspan mostram
que ele já está em "campanha" de
preparação do mercado para uma
mudança. A próxima reunião do
Fed para decidir sobre os juros será no fim de junho.
Também ontem, o Fed divulgou
a ata de sua reunião em março. Na
ocasião, alguns membros de seu
comitê de política monetária já
demonstravam preocupação com
os efeitos provocados pela manutenção dos juros baixos.
"Alguns membros estão preocupados com a manutenção da
política monetária expansionista
por tanto tempo, que poderá estimular o aumento de alavancagem
[tomar emprestado para elevar o
retorno] e dos riscos excessivos",
aponta o documento.
O Departamento de Trabalho
divulgou ontem novo dado que
reforça a expectativa de que a recuperação econômica começa a
atingir o mercado de trabalho. Os
pedidos iniciais de seguro-desemprego caíram na semana encerrada em 1º de maio ao menor
nível desde outubro de 2000, de
340 mil para 315 mil.
Hoje o departamento divulgará
outro dado que será acompanhado pelos analistas, o nível de emprego e a criação de vagas.
Déficits e China
No mesmo discurso, Greenspan
voltou a alertar sobre o perigo do
déficit fiscal dos EUA, que deve
ser o maior da história e superar
US$ 500 bilhões neste ano, segundo estimativa da Casa Branca.
"Nossas perspectivas fiscais são,
em meu julgamento, um obstáculo significativo para a estabilidade
a longo prazo, pois o déficit orçamentário não está sujeito prontamente a correções pelas forças do
mercado que estabilizam outros
desequilíbrios", disse Greenspan,
que não especificou como o déficit ameaçaria a economia.
O presidente do Fed também falou sobre a China. Segundo ele, a
desaceleração do ritmo de crescimento do país irá puxar o preço
das commodities para baixo, o
que ajudará a restringir a inflação
nos EUA.
"As autoridades chinesas têm
trabalhado com freqüência para
diminuir a taxa [de expansão]",
afirmou.
Com agências internacionais
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