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APOSENTADOS
Governo estuda engenharia financeira para quitar R$ 12 bi de correção relativa a perdas com planos econômicos
Crédito judicial pode pagar débito do INSS
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estuda uma engenharia financeira para pagar o débito de R$ 12,3 bilhões que tem
com os aposentados.
A Folha apurou que a operação
envolve a negociação de créditos
da dívida ativa da Previdência
com alta garantia de recebimento
e que vêm sendo cobiçados pelo
sistema financeiro.
Dívida ativa é aquela em cobrança judicial. O débito das empresas com a Previdência Social
chega a quase R$ 200 bilhões.
Na avaliação da equipe econômica, uma parcela expressiva é tida como irrecuperável, mas outros créditos são considerados de
boa qualidade.
Pela proposta, o governo poderia lançar papéis dessa dívida no
mercado financeiro. A idéia foi
apresentada ao governo pelo superintendente do INSS em São
Paulo, Carlos Eduardo Gabas. O
ministro do Trabalho, Ricardo
Berzoini, já teria elogiado publicamente a idéia.
A alternativa evitaria o aumento
da carga tributária, opção que o
governo ameaçou lançar mão para pagar a dívida com os aposentados. A proposta de elevar em
três pontos percentuais a contribuição previdenciária de pessoas
físicas e de empresas sofreu críticas de integrantes do próprio governo e acabou sendo abortada.
Detalhes
O acordo para pagamento dos
aposentados deverá ser anunciado na segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em reunião ontem com líderes
dos aposentados, o ministro da
Previdência, Amir Lando, discutiu os últimos detalhes sobre as regras do acordo.
Estava prevista para o início da
noite de ontem uma reunião no
Palácio do Planalto com o presidente Lula e alguns ministros para fechar os termos do acordo. Ela
não havia terminado até o fechamento desta edição.
Pela proposta discutida ontem,
os aposentados que têm ação na
Justiça receberiam a dívida em
três anos a partir do primeiro trimestre do ano que vem. O governo ainda negocia o pagamento
em quatro anos, mas os aposentados insistem no prazo menor.
Para quem não tem ação judicial o pagamento seria feito em
cinco anos. De acordo com Lando, o impacto anual para os cofres
públicos seria de R$ 4,8 bilhões a
R$ 5 bilhões. Ele disse que a fonte
de recursos para o pagamento
ainda não estava definida.
Direito
Nas contas da Previdência, 1,8
milhão de aposentados têm direito à correção dos benefícios. Já
entraram na Justiça 1,1 milhão de
segurados, embora o governo
avalie que nem todas as ações são
relativas a essa causa.
Ainda pela proposta, a partir de
julho deste ano o governo já corrigiria os benefícios em até 39,67%
-índice que deixou de ser aplicado em março de 1994 no cálculo
das aposentadorias. Custo: R$ 600
milhões a R$ 1,2 bilhão.
"Como a correção não será automática, dependerá da adesão
dos aposentados, o que vai acontecendo aos poucos, acreditamos
que o custo neste ano ficará em
cerca de R$ 700 milhões", disse
Lando. Tanto quem tem ação na
Justiça quanto quem não tem precisará assinar um termo de adesão para ter direito à correção e ao
pagamento dos atrasados.
Governo e representantes sindicais também negociam incluir no
acordo o parcelamento, em duas
vezes, dos valores das ações já ganhas na Justiça pelos segurados.
Lando disse que a medida ainda
está sendo analisada juridicamente. "Isso é possível legalmente
porque, se não há disponibilidade
de recursos, é preciso encontrar
uma forma de pagamento."
"Para aposentados com valores
maiores a receber, vale a pena dividir em duas vezes: a primeira
parcela logo depois de assinar o
acordo e a segunda, seis meses depois", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e
Pensionistas da Força Sindical,
João Batista Inocentini.
Ele explicou que os valores
maiores entram na lista de precatórios e podem levar anos para serem pagos pelo governo, pois precisam de previsão orçamentária.
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