LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O governo do Rio Grande do Sul vai ""combater no Confaz" (Conselho Nacional de Política Fazendária) eventual negociação de outro Estado com a Ford envolvendo incentivos e anistias fiscais, afirmou ontem o governador Olívio Dutra.
Isso significa que o Rio Grande do Sul tentará impedir a instalação da montadora em outro Estado. Para que anistias e incentivos sejam concedidos, deve haver aprovação unânime dos integrantes do Confaz (secretários estaduais).
A Ford desistiu do projeto de instalar uma montadora em Guaíba após o impasse na renegociação do contrato com o governo.
De acordo com Olívio, o objetivo é combater a guerra fiscal. ""Trata-se de uma perversidade. Precisamos recuperar o sentido da "res publica" (coisa pública, em latim). Os governos não podem se submeter aos grandes grupos internacionais, devem ser gerenciados pelo interesse público", disse.
Ontem, dirigentes da Ford permaneciam em Salvador, negociando uma possível ida para a Bahia. Santa Catarina, Rio de Janeiro e Pernambuco também fizeram propostas.
Além de dizer que combaterá a ida da Ford para outros Estados, Olívio afirmou que não considera as negociações com a empresa encerradas, pois ""a mesa está aberta" para receber seus diretores e ""tem de ser devolvido o dinheiro pego dos cofres públicos". O governador se referia aos R$ 42 milhões já embolsados pela Ford. O Estado deverá reclamá-los judicialmente.
No terreno, de 932 hectares, Olívio disse que deverá ser implantado um distrito industrial, integrado por pequenas e médias empresas. ""Com isso, geraremos empregos sem gastar os R$ 300 mil por vaga que seriam gastos com a Ford nos termos em que ela pretendia. Dizer que o Estado deixa de crescer por não ter a Ford, que perdemos o paraíso, é lorota, invenção", disse.
A Ford informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

GM
A General Motors assina o novo acordo celebrado com o governo do Rio Grande do Sul hoje, às 10h.
As obras da montadora, no município de Gravataí, serão retomadas na próxima semana e a fábrica será inaugurada no primeiro semestre do ano 2000.
Um dos pontos previstos no novo acordo define a entrega de um cheque de R$ 34,5 milhões da GM para o Estado, como antecipação da devolução de financiamentos.


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