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Para entidade, é preciso aumentar o financiamento, e não reduzir
Menos crédito seria desastre, diz CNA
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um contexto no qual a oferta de crédito já é escassa, a redução do percentual obrigatório que
os bancos destinam para o financiamento rural pode ter um efeito
desastroso.
Essa é a avaliação da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), que, além de criticar uma
eventual redução, defende que a
taxa obrigatória recolhida pelos
bancos seja elevada.
Hoje, os bancos são obrigados a
destinar 25% -percentual fixado
pelo Banco Central- sobre os
depósitos à vista para financiar a
agricultura. A CNA propõe que
esse percentual suba para 30%.
A principal razão para isso é que
mesmo essa fatia dos depósitos à
vista dos bancos pode não ir para
os produtores. Pela lei, os bancos
têm duas opções: investir no
agronegócio ou deixar o dinheiro
parado sem receber remuneração
nenhuma por seis meses.
"Muitos bancos preferem deixar o dinheiro retido pois argumentam que não têm vocação para o agronegócio", avalia Luciano
Carvalho, do Departamento Econômico da CNA.
Outro problema é que o volume
de concessão de financiamentos
não tem acompanhado o ritmo da
produção agrícola no país. Nas
duas últimas décadas, enquanto o
volume da safra de grãos mais do
que dobrou, a oferta de crédito
caiu 56,7%.
Menos do que em 2002
Estudo da entidade indica que o
governo deveria alocar R$ 44 bilhões para financiar a safra 2003/
4. No entanto o próximo plano de
safra -a ser anunciado na semana que vem- deve destinar apenas R$ 22 bilhões, segundo previsões do mercado. Ou seja, menos
até do que os R$ 22,1 bilhões concedidos pelo governo em 2002,
conforme dados do BC.
"Não é realista esperar que o governo consiga disponibilizar R$
44 bilhões, mas não se pode nem
pensar em reduzir. A agricultura é
o único setor que vai bem", diz
Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria.
De fato, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que o PIB da
agropecuária cresceu 6,57% no
primeiro trimestre deste ano no
acumulado dos últimos quatro
trimestres em relação ao mesmo
período anterior. O PIB geral
cresceu apenas 2,21%.
Uma redução no volume de depósitos à vista também é criticada
por Itamar Bernal, do grupo Banespa-Santander. "A agricultura é
muito sensível. Se diminuir o financiamento, há um efeito em toda a cadeia. Seria dar um tiro no
próprio pé", afirma.
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