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RECEITA ORTODOXA
Diminuição acompanha total de operações de crédito
Banco reduz precaução contra risco de calote
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O balanço de 15 dos maiores
bancos brasileiros mostra que as
provisões para empréstimos de
liquidação duvidosa feitas por essas instituições recuou do primeiro trimestre de 2002 para o
mesmo período deste ano.
De acordo com estudo da consultoria Economática, entre janeiro e março do ano passado, o
grupo de bancos provisionou R$
3,423 bilhões na conta de créditos
de recebimento duvidoso. No
mesmo período de 2003, a provisão somou não mais que R$ 2,977
bilhões, um recuo de 13,05%. No
levantamento, além do Banco do
Brasil, estão quatro dos principais bancos privados: Bradesco,
Itaú, Unibanco e Banespa.
As menores provisões, no entanto, são feitas em um período
no qual o governo discute mecanismos para forçar a diminuição
do "spread" (a diferença entre a
taxa de juros que a instituição paga ao captar o dinheiro no mercado e a que cobra de seus clientes).
Os bancos sustentam que uma
das razões de o "spread" ser elevado é que precisam fazer enormes provisionamentos para
eventuais calotes -o setor bancário defende a aceleração da implementação da nova Lei de Falências, que, pelo texto, prevê mecanismos para liquidação mais
rápida de garantias.
""As provisões diminuíram porque houve um desaquecimento
dessas operações. Os bancos estão emprestando muito menos
do que emprestavam no início de
2002", argumenta João Augusto
Frota Salles, economista da consultoria Lopes Filho. ""Emprestam menos e se tornaram mais
seletivos. O "spread" é alto porque
a inadimplência é alta, alegam. E
juros altos alimentam inadimplência. É o cachorro correndo
atrás do próprio rabo", diz Salles.
Dados do BC corroboram, em
parte, o argumento de que o sistema, além de ofertar pouco crédito, tem-se tornado mais seletivo.
Em março de 2002, a média de
inadimplência para empréstimos
rubricados como vencidos há
mais de 60 dias era de 6%. Neste
ano, não superou os 4%. Por sua
vez, a oferta de crédito no país representa hoje 23% do PIB. Em
1994, quando do lançamento do
Real, estava em 33%.
Outros componentes, segundo
os analistas, influíram na queda
comparativa dos níveis de provisão dos bancos do primeiro trimestre de 2002 para o de 2003.
""Em anos de eleições, a tensão
tende a ser maior. Os bancos certamente estimaram uma taxa de
câmbio maior e um surto de inadimplência", diz Fernando Coelho, economista da ABM Consulting. A direção da Febraban não
quis comentar a pesquisa.
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