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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Diminuição acompanha total de operações de crédito

Banco reduz precaução contra risco de calote

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O balanço de 15 dos maiores bancos brasileiros mostra que as provisões para empréstimos de liquidação duvidosa feitas por essas instituições recuou do primeiro trimestre de 2002 para o mesmo período deste ano.
De acordo com estudo da consultoria Economática, entre janeiro e março do ano passado, o grupo de bancos provisionou R$ 3,423 bilhões na conta de créditos de recebimento duvidoso. No mesmo período de 2003, a provisão somou não mais que R$ 2,977 bilhões, um recuo de 13,05%. No levantamento, além do Banco do Brasil, estão quatro dos principais bancos privados: Bradesco, Itaú, Unibanco e Banespa.
As menores provisões, no entanto, são feitas em um período no qual o governo discute mecanismos para forçar a diminuição do "spread" (a diferença entre a taxa de juros que a instituição paga ao captar o dinheiro no mercado e a que cobra de seus clientes).
Os bancos sustentam que uma das razões de o "spread" ser elevado é que precisam fazer enormes provisionamentos para eventuais calotes -o setor bancário defende a aceleração da implementação da nova Lei de Falências, que, pelo texto, prevê mecanismos para liquidação mais rápida de garantias.
""As provisões diminuíram porque houve um desaquecimento dessas operações. Os bancos estão emprestando muito menos do que emprestavam no início de 2002", argumenta João Augusto Frota Salles, economista da consultoria Lopes Filho. ""Emprestam menos e se tornaram mais seletivos. O "spread" é alto porque a inadimplência é alta, alegam. E juros altos alimentam inadimplência. É o cachorro correndo atrás do próprio rabo", diz Salles.
Dados do BC corroboram, em parte, o argumento de que o sistema, além de ofertar pouco crédito, tem-se tornado mais seletivo. Em março de 2002, a média de inadimplência para empréstimos rubricados como vencidos há mais de 60 dias era de 6%. Neste ano, não superou os 4%. Por sua vez, a oferta de crédito no país representa hoje 23% do PIB. Em 1994, quando do lançamento do Real, estava em 33%.
Outros componentes, segundo os analistas, influíram na queda comparativa dos níveis de provisão dos bancos do primeiro trimestre de 2002 para o de 2003. ""Em anos de eleições, a tensão tende a ser maior. Os bancos certamente estimaram uma taxa de câmbio maior e um surto de inadimplência", diz Fernando Coelho, economista da ABM Consulting. A direção da Febraban não quis comentar a pesquisa.


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