São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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VIZINHOS EM CRISE

Governo Kirchner está preocupado com o volume de calçados brasileiros exportados para o país

Argentina sinaliza impor mais barreiras

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino voltou a dar sinais ontem de que não acabou a temporada de barreiras aos produtos brasileiros. A Secretaria de Indústria do parceiro comercial informou que o governo está "preocupado com o volume de calçados que os produtores brasileiros estão enviando ao mercado argentino".
De acordo com um membro da Secretaria de Indústria, se não for encontrada uma solução nas reuniões periódicas feitas com o secretário-geral do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, Marcio Fortes, o governo argentino terá de adotar medidas unilaterais.
Adotar medidas unilaterais significa dificultar as importações dos sapatos brasileiros. Foi o que fez o governo no mês passado, ao implementar um mecanismo que obriga os importadores argentinos de máquinas de lavar roupa a pedir autorização prévia para comprar o produto, um sistema que atrasa a operação em até 60 dias e desestimula o comércio.
Esse foi o desfecho da disputa comercial que ficou conhecida como "Guerra das Geladeiras". As indústrias brasileiras de refrigeradores e de fogões preferiram fechar um acordo limitando o embarque dos produtos nos próximos meses, negócio que consideraram melhor do que as licenças prévias.
No caso dos calçados, a preocupação dos argentinos é que, com a chegada do verão, as exportações brasileiras aumentem muito e ultrapassem o acordo feito entre os setores no início do ano.
Segundo o secretário da Câmara Argentina de Produtores de Calçados, Horácio Moschetto, o acordo estabelece que o Brasil exporte no máximo 13 milhões de pares de sapato neste ano.
Até junho, foram embarcados para a Argentina 4,8 milhões de pares. "É menos do que a metade, mas já é 78% a mais do que foi exportado no mesmo período do ano passado", disse Moschetto.
Sua preocupação, disse, é que a coleção de verão, que começa a chegar no país em setembro e, segundo ele, é o forte das vendas brasileiras na Argentina, ultrapasse os números do acordo.
Além das barreiras e cotas adotadas para eletrodomésticos, o governo argentino passou a cobrar imposto de importação de 21,5% para os televisores oriundos da Zona Franca de Manaus.


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