São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2007

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análise

Apesar de bom resultado, setor terá mais ajuda

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

As subsidiárias brasileiras das montadoras mereceram destaque especial na divulgação dos balanços do primeiro semestre deste ano. O crescimento médio de 25% nas vendas superou as previsões mais otimistas, como reconheceram os comandantes das empresas no país.
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) esperava incremento de 7% nas vendas em 2007, no início do ano. Na Fiat, a receita líquida subiu 31,9% nos primeiros seis meses, atingindo R$ 11,4 bilhões, contra R$ 8,6 bilhões no primeiro semestre de 2006. Já a Volkswagen vendeu até junho 27,2% a mais do que no primeiro semestre de 2006, na América Latina. No Brasil, o aumento foi ainda maior, de 28,6%.
O aquecimento do mercado é tão grande que há ágio e filas para diversos modelos, de quase todas as marcas. A indústria deverá produzir 3 milhões de carros neste ano, para uma capacidade instalada de 3,5 milhões, patamar jamais atingido anteriormente.
Mesmo com tantos resultados positivos na área, o governo incluiu o setor no pacote priorizado pela política industrial, previsto para ser anunciado entre agosto e setembro. Entre as iniciativas, esperam-se crédito com condições especiais, desoneração tributária e mudança nas tarifas de importação.
Como várias outras áreas, as montadoras sentiram os efeitos da valorização cambial e registraram, em média, queda de 8% nas exportações até julho, segundo a Anfavea. Em 2005 e 2006, o setor também tinha recuado, após cinco anos seguidos de expansão nas vendas para fora.
"O governo está certo em incluir as montadoras entre os setores beneficiados", afirma Letícia Costa, presidente da consultoria Booz Allen Hamilton no Brasil e especialista no setor automotivo. "Exportação é uma área essencial nos planos de negócios das montadoras e vendas ao exterior nunca são contratos de curto prazo."
Para Costa, a iniciativa do governo é uma sinalização muito importante para futuras decisões de investimentos. Neste momento, Fiat, GM, Volks e Toyota estão decidindo em quais países investirão em aumento de capacidade. A construção de novas fábricas nesse setor demanda investimentos em torno de US$ 2 bilhões.
Outro consultor da área, que prefere não se identificar por prestar serviço a várias montadoras, diz que, com as atuais condições de mercado, o Brasil ficaria fora da disputa pelo investimento, que envolve países como Polônia, Turquia e Vietnã. Segundo ele, com o incentivo anunciado, o Brasil volta à competição e sai à frente de outros países emergentes por ter um mercado consolidado e dispor de matéria-prima e tecnologia.


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