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Não há meta para o câmbio, diz BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, afirmou ontem que não há um limite preestabelecido para o volume de dólares
a ser comprado pela instituição
no mercado de câmbio. De acordo com ele, a atuação do BC "continua normalmente" até que as reservas em moeda estrangeira do
governo cheguem a um nível considerado "suficiente".
Nesta semana, o BC voltou a
comprar dólares no mercado pela
primeira vez desde março. Em audiência pública realizada no Congresso, Meirelles voltou a dizer
que o objetivo é reforçar as reservas internacionais, e não interferir
na cotação do dólar. "Não existe
meta para a taxa de câmbio."
Foi em 2003 que o BC começou
a atuar de forma mais agressiva
no mercado de câmbio. De lá para
cá, foram adquiridos US$ 17,1 bilhões -sem contar as intervenções feitas entre segunda e quarta-feira desta semana, cujos valores
não foram divulgados.
As ações do BC no câmbio são
objeto de polêmica, já que parte
do governo defende uma atuação
mais forte, que impeça a queda
excessiva do dólar. Por um lado, o
real mais forte faz com que os preços dos produtos brasileiros negociados no exterior fiquem menos competitivos, o que pode prejudicar os exportadores. Um dos
principais defensores dessa tese é
o ministro Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento).
Mas há os que defendem que a
intervenção no câmbio seja a menor possível. Tanto Meirelles como o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) defendem que a cotação do dólar flutue de acordo
com as condições de mercado.
Para o BC, a valorização do real
tem seu lado positivo, pois ajuda
no controle da inflação.
Ontem, Meirelles disse que as
compras de dólares serão mantidas até que as reservas internacionais cheguem a um nível considerado adequado, o que, segundo
ele, ainda não aconteceu.
No final de setembro, as reservas estavam em US$ 57 bilhões. É
de lá que saem os recursos usados
no pagamento das parcelas da dívida externa do governo.
Juros, greve e CPI
Durante a audiência, realizada
em conjunto por comissões da
Câmara e do Senado, Meirelles foi
cobrado pelas elevadas taxas de
juros no país. Ele também foi
questionado sobre a crise política
e teve de enfrentar um protesto de
servidores do BC, que estão em
greve há mais de duas semanas.
O deputado Pauderney Avelino
(PFL-AM) foi um dos que criticaram os juros. "Há um descolamento entre a política econômica
e a realidade que estamos vivendo", afirmou.
O senador Leomar Quintanilha
(PC do B-TO) reclamou do aperto
fiscal, que, segundo ele, afeta os
investimentos do governo em infra-estrutura.
Meirelles defendeu a política
econômica, afirmando que os juros são fixados de modo a garantir a estabilidade da inflação -o
que, em última análise, favorece o
crescimento.
De modo análogo, o presidente
do BC disse que o ajuste fiscal é
necessário para conter o avanço
da dívida pública. "Governar é fazer opções", afirmou. O deputado
Sérgio Miranda (PDT-MG) rebateu: "Parece que, hoje em dia, governar é pagar juros".
Miranda também perguntou a
Meirelles se a fiscalização do BC
não havia falhado ao permitir que
um esquema de caixa dois de
campanha fosse montado, por vários políticos, a partir de empréstimos bancários.
Meirelles foi evasivo e disse que
o BC está colaborando com as investigações, fornecendo dados requisitados pelas CPIs em funcionamento atualmente.
A audiência contou ainda com
protestos de funcionários do BC.
Em greve desde o último dia 19,
um grupo de servidores portava
cartazes e usava apitos para interromper a sessão. Diante da pressão, Meirelles disse que pretende
se reunir com representantes do
sindicato na próxima terça-feira.
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