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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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Sem apoio de petistas, autonomia foi "congelada"

Governo engavetou projeto para viabilizar aprovação de emenda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo engavetou o projeto de autonomia do Banco Central para obter o apoio da bancada petista na votação da emenda constitucional que alterou o artigo 192 da Constituição, que trata da regulamentação do sistema financeiro nacional.
A emenda, aprovada em maio deste ano, permite que o sistema financeiro nacional seja regulamentado por várias leis complementares, e não por apenas uma, como vigorava antes. Com isso, o governo deu o primeiro passo para conceder a autonomia operacional ao BC.
A bancada do PT aceitou votar a emenda somente após o governo prometer não enviar neste ano o projeto que trata da autonomia do Banco Central. Mas não foi só a bancada que atrapalhou os planos do Ministério da Fazenda. No Palácio do Planalto, havia dúvidas sobre a viabilidade de discutir a proposta ainda em 2003.
Tema polêmico dentro do PT, a autonomia do Banco Central foi anunciada pelo futuro ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) ainda na fase de transição do governo FHC para Lula. Ela foi prometida a Henrique Meirelles antes que ele assumisse a presidência do banco.
Em abril, um grupo de 33 deputados da bancada petista, integrada por 92 parlamentares, divulgou documento contra o projeto do governo Lula de conceder autonomia ao BC. O texto dizia que ela "fere a soberania da nação".
Atualmente, já existe no Senado um projeto de autoria do senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) que trata do assunto, cujo relator é o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Ambos da base de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso e hoje na oposição. Durante o governo tucano, apesar das várias promessas de dar autonomia ao Banco Central, o projeto nunca foi tratado como prioridade e acabou sem ser aprovado.

Credibilidade
Na equipe econômica, o discurso é que até agora as pressões sobre o BC não atingiram sua credibilidade. Tanto que a trajetória da inflação continua sendo de queda. Mas se elas continuarem podem dificultar o trabalho do BC em 2004, quando o espaço para reduzir os juros deve ser menor. Esse é o recado que a equipe econômica tem procurado passar.



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