São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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Montadoras podem chegar ao limite da capacidade

Em 2008, indústria deve produzir 3,2 mi de veículos

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

A indústria automobilística brasileira deve produzir, em 2008, 3,24 milhões de veículos. O número, 8,9% maior ao registrado neste ano, também será puxado pelo mercado doméstico, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Com a alta, o Brasil deverá pular de oitavo para sétimo produtor mundial de veículos.
Mas as vantagens do aquecimento esbarram no risco de esgotar a capacidade de produção, hoje em 3,5 milhões de veículos por ano. Ou seja, a margem seria de 260 mil unidades.
Jackson Schneider, presidente da Anfavea, disse que não há risco de a indústria não atender a demanda e afirmou que "as decisões de investimentos estão na mesa de muitas montadoras".
Segundo ele, os últimos anúncios das empresas somam R$ 10 bilhões em investimentos para os próximos três anos. Ainda assim, os investimentos levam um tempo para dar resultado. "O tempo de maturação é cerca de dois anos, por isso a capacidade instalada de produção das montadoras deve ficar ainda em 3,5 milhões em 2008", diz Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria.
Para Andrade, a saída a curto prazo para as empresas seria a importação, principalmente das unidades em países do Mercosul e México, com quem o Brasil tem acordos comerciais que derrubam as tarifas de importação.
O consultor afirmou que algumas montadoras planejam ampliar a produção ou passar a fabricar veículos na Argentina, onde há capacidade de produção ociosa. Para ele, os preços dos automóveis não devem sofrer reajustes em razão do possível aperto na capacidade.
A Anfavea prevê que a importação de veículos deve registrar alta de 43,4% em 2008, alcançando 380 mil unidades. Neste ano as importações devem terminar o ano com alta de 86,6%, chegando a 265 mil veículos.
Os investimentos para ampliar a produção não são divulgados em detalhes. Schneider disse, no entanto, que a cadeia injetou US$ 35 bilhões entre 1995 e 2004 para aumentar a capacidade de 2 milhões para 3,5 milhões.
Para Schneider, um salto para a produção de 5 milhões de veículos, que ele acredita ser possível alcançar em 2013, só seria possível com um investimento desse porte. Ou seja, os R$ 10 bilhões anunciados até agora, de fato, terão de crescer ou não serão suficientes para abastecer o mercado.
"As empresas estão reticentes porque perderam muito nos últimos anos. Mas elas vão investir. O único fato que as faria mudar de idéia seria reversão do mercado doméstico, já que é ele que mantém o crescimento da produção", diz Andrade.
O crescimento das vendas internas, que alcançará 2,925 milhões de unidades neste ano, é provocado pelo saldo de crédito para o setor, que alcançou R$ 78 bilhões em outubro deste ano -contra R$ 61,5 bilhões no mesmo período do ano passado e os juros reduzidos nos financiamentos, que bateram 19,6% em outubro, contra 23,1% no mesmo mês de 2006.
Ainda sobre as projeções para 2008, as exportações devem manter em 2008 o equivalente a US$ 13 bilhões. Argentina e México respondem por 65%.


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